segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

RESENHA de "A Caixa de Natasha" no blog Leitor Noturno


Leitor Noturno é um dos mais promissores blogs sobre literatura que surgiram nos últimos tempos. Com publicações de Matheus Fellipe e Junior Ludtke, o blog reúne boas parcerias, um visual agradavelmente sangrento e o que é o mais importante: resenhas inteligentes e bem escritas, feitas com dedicação e seriedade, mas que não deixam de ser divertidas, encontrando uma certeira síntese entre simples entretenimento virtual e críticas aprofundadas que mergulham de cabeça no espírito dos livros sob análise.

Por essas e outras razões, fiquei extremamente feliz quando os blogueiros resolveram fazer uma resenha de A Caixa de Natasha e outras histórias de horror. Ainda mais feliz fiquei quando a resenha ficou pronta e eu pude ler o que eles tinham a dizer sobre o livro!

Destaco o seguinte trecho da opinião dos blogueiros: "Sabe quando lemos algo que nos deixa inquietos? Com a perna balançando ou roendo o que resta do dedo, porque as unhas já se foram? Então, com 'A Caixa de Natasha' aconteceu isso. Sinceramente, é um dos melhores contos, se assim posso dizer, que já li na vida".

Ficou curioso? Clique aqui para ler a resenha completa!

A Caixa de Natasha e outras histórias de horror está disponível nas principais livrarias do Brasil, mas também pode ser adquirido diretamente com o autor, com um desconto especial + marcadores de página + frete grátis. Basta enviar uma mensagem para a página do livro no facebook ou um inbox na conta pessoal do autor para conseguir o livro com os benefícios mencionados (links em vermelho).

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Lançamento de O Corvo: um livro colaborativo

Na última segunda-feira (14/12), estive presente no lançamento de O Corvo: um livro colaborativo, do qual participei com o conto Phantasmagoria – uma intrigante história de suspense e terror sobre um rico excêntrico que presencia terríveis assassinatos cometidos por um misterioso homem vestido de túnica negra e que passa a tentar resolver o enigma que há por trás das mortes, empregando forças para descobrir a identidade do pavoroso ser homicida, bem como o porquê de suas repugnantes ações aparentemente inexplicáveis.

O livro colaborativo é um projeto da Editora Empíreo, coordenado pelo editor Filipe Larêdo, em homenagem aos 170 anos do clássico poema The Raven, de Edgar Allan Poe. Para a obra, foram selecionados contos, ilustrações e poemas maravilhosos inspirados nos famosos versos de Poe, prestando-lhes uma merecida homenagem. Nesse admirável livro de corvos, mistérios e terror, Phantasmagoria compartilha as páginas com textos de autores brasileiros muito consagrados, como André Vianco, Bruno Godoi e o grande R. F. Lucchetti (com o qual, há pouco tempo, fiz uma interessante entrevista aqui para o blog – clique no link em vermelho para ter acesso a ela).

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

"Sussurro", de Clayton De La Vie

Com a aproximação do natal, tive a ideia de convidar meu amigo Clayton De La Vie (autor de livros como "A Mancha" e "Seres do Além") para escrever um pequeno conto de horror que se passasse nessa data tão comemorada. Logo que fiz o convite ao Clayton, contudo, arrependi-me de imediato de tê-lo feito  não por duvidar da capacidade literária dele, mas justamente por saber que ele com certeza me apresentaria uma boa história sangrenta relacionada ao natal. Isso pode não estar fazendo muito sentido para quem está lendo, mas vou explicar a razão do meu "arrependimento": apesar de ser uma comemoração infestada de propagandas aproveitadoras e de mercantilização exagerada da ilusão de felicidade, o natal, para mim, é, realmente, uma época de magia, alegria, amizade, reconciliação e generosidade. Muito embora eu não esconda de ninguém meu profundo amor pela ficção macabra, por alguma razão estranha (talvez até infantil), não gosto muito de ver papai noel, neve, luzes coloridas e chocotones deliciosos serem relacionados a horrores grotescos de sangue e morte.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

RESENHA de "A Caixa de Natasha" no canal Pulp Fictions

Para minha profunda satisfação, Lucas Dallas, o talentoso criador do canal Pulp Fictions e autor do livro "Âmbar", publicou uma magnífica resenha em vídeo do meu livro "A Caixa de Natasha e outras histórias de horror". Apesar de o Lucas insistir em dizer que o que ele fez não foi verdadeiramente uma resenha, mas apenas alguns comentários sobre o livro, a variedade de elogios que ele dedicou aos meus contos e a quantidade de pontos positivos ressaltados em meus mórbidos devaneios literários foram tamanhas que eu realmente fiquei sem palavras.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Entrevista com R. F. LUCCHETTI

Nesta semana, tive o enorme prazer de conversar com o grande escritor Rubens Francisco Lucchetti, uma verdadeira lenda viva das páginas brasileiras do terror, da fantasia e do mistério, além de um senhor simpático, apaixonado pelo que faz e sempre atencioso com os fãs.

Talvez você ainda não o conheça pelo nome (afinal, grande parte de sua obra foi escrita sob os mais variados pseudônimos, tais quais: Theodore Field, Terence Gray, R. Bava, Brian Stockle, Vincent Lugosi e até mesmo Mary Shelby), mas certamente você já sentiu alguma influência do universo fantástico da vasta produção literária desse intrigante senhor fã de Edgar Allan Poe e Sir Arthur Conan Doyle.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

TAG: Livros ou Travessuras?

No último Halloween (espero que vocês tenham se divertido tanto quanto eu nas sinistras festividades da Noite das Bruxas, prezadas criaturinhas malignas que acompanham o meu blog), o Matheus Fellipe do blog Leitor Noturno me marcou na TAG "Livros ou Travessuras", criada pelo blog Irmãos Livreiros. A TAG, cujas perguntas e imagens foram elaboradas por Marcos Rogério, propõe que cada blogueiro escolha cinco de seus livros preferidos com base nos monstros que permeiam o imaginário popular.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Entrevista com CESAR BRAVO

Para quem ainda não conhece, Cesar Bravo é um dos principais nomes na literatura de horror nacional. Entre contos e romances, ele já lançou mais de nove e-books com histórias misteriosas e sangrentas, todos eles disponíveis no site da Amazon por preços bastante acessíveis.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

PROMOÇÃO DE HALLOWEEN – Livro "A Caixa de Natasha e outras histórias de horror" pela metade do preço!

O mês de outubro é um mês particularmente aguardado pelos fãs de terror, pois outubro é o mês das bruxas. E, para comemorar as noites mais sinistras do ano, quando sopram os mais lúgubres ventos e descem as mais negras sombras do medo e do mistério, resolvi fazer uma super promoção para os leitores do meu blog: quem comprar, diretamente comigo, o livro "A Caixa de Natasha e outras histórias de horror" terá um desconto de 50% em relação ao preço nas livrarias (clique aqui para encontrar o livro na Saraiva e aqui para encontrá-lo na Curitiba). Ainda mais, os leitores que adquirirem o livro comigo ganharão marcadores de página exclusivos e frete grátis.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Os 10 mandamentos de uma boa tradução, por Millôr Fernandes

Nas últimas semanas, eu trouxe aqui no blog as traduções que fiz de um conto e de um poema do Edgar Allan Poe, bem como duas matérias com algumas considerações a respeito do trabalho de tradução de obras literárias: trabalho ao qual não costumamos prestar muita atenção no dia a dia, mas que tem influência decisiva na vida de qualquer leitor. Por uma dessas adoráveis coincidências que poderiam ser chamadas de destino, não acreditasse eu em um certo condicionamento inconsciente de busca e atenção por assuntos nos quais estamos interessados (se bem que isso não elimina completamente a possibilidade de uma Providência Misteriosa), deparei-me recentemente, na capa de trás de um livro que encontrei muito por acaso na livraria, com uma interessantíssima lista com "os 10 mandamentos para uma boa tradução". A lista, que é praticamente uma síntese criativa de tudo o que foi dito nas duas matérias mencionadas (as quais podem ser lidas aqui e aqui), é de autoria de Millôr Fernandes e está na capa traseira do livro "Shakespeare traduzido por Millôr Fernandes", da L&PM Editores.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

MÚSICAS BASEADAS EM FILMES DE TERROR – Parte 2

Não é novidade para ninguém que o rock tem grande ligação com a ficção de terror. Seja na música gótica, com suas influências vampirescas e soturnas, ou no metal extremo, com as atrocidades típicas dos mais sangrentos splatters, boa parte das bandas de rock e todos os seus subgêneros, derivações e variações (rock and roll, rockabilly, psichobilly, heavy metal, thrash metal, doom metal, death metal, black metal, speed metal, industrial metal, grindcore, grunge, stoner, etc., etc., etc.) inspiram-se ou fazem referências às suas histórias macabras favoritas, do cinema e da literatura. Foi por essa razão que tive a ideia de fazer estas listas com as melhores músicas baseadas em filmes e livros de terror, para compartilhar com vocês aqui no blog.

A primeira lista, com 10 músicas bem fodas, pode ser lida clicando neste link.


Seguem, agora, mais 13 das melhores músicas baseadas em filmes e livros de terror:

terça-feira, 6 de outubro de 2015

POEMA – O Solar Maldito

O SOLAR MALDITO
A lua brilhava misteriosa no céu revoltoso.
Na janela, aparecendo apenas quando relâmpagos explodiam,
Avistada era a sinistra figura de um idoso.


A casa  um obscuro solar maldito  era grande e imponente como um antigo castelo.
Coisas bizarras e inimagináveis ali já aconteceram:
Crianças morreram, pessoas enlouqueceram e um homem brutalmente assassinou sua noiva com um pesado martelo.

Dentro da casa, sons inexplicáveis faziam o sangue gelar;
Sombras impossíveis pareciam se mover como se estivessem vivas,
E, na penumbra insidiosa, quando o terror desolava a alma, para afastar as trevas não adiantava sequer gritar.

Ficar muito tempo naqueles labirínticos corredores escuros, onde velas bruxuleavam fracamente, podia não fazer muito bem para nossas mentes,
Pois influências não naturais emanavam das chamas tremulantes e das paredes;
E, em pouco tempo, o mais corajoso dos homens estaria olhando receoso para os lados e rangendo apertadamente os dentes.

Nos espelhos e pelas escadarias pavorosas, vultos corriam e espectros indistintos surgiam e desapareciam.
Em uma fração de segundo, flashes de luz davam a tudo um aspecto de negativo de fotografias,
Com seus lampejos trazendo memórias de coisas que existir não mais deveriam.

Uma mulher enforcada na varanda; uma criança ensanguentada na cozinha.
No porão, mais um gélido cadáver;
No sótão, uma cadeira que se mexia sozinha.

Mas o mais estranho era a figura do velho – do esquisito e assustador idoso.
Ele surgia na janela sempre às três da madrugada – esse visitante não convidado –
E desaparecia misteriosamente com a aurora, no vidro apenas deixando marcado um negro bolor horroroso.
O poema "O Solar Maldito", feito em homenagem aos antigos filmes e histórias de terror sobre casas mal-assombradas e às músicas do King Diamond sobre o tema, está presente no livro "A Caixa de Natasha e outras histórias de horror". As imagens utilizadas nesta publicação foram retiradas dos seguintes álbuns do King Diamond: Abigail II, Voodoo e Them.

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

O HORROR... O HORROR...

Por que gostamos tanto do horror ficcional? Por que, em aparente contradição total com nossas pretensões e vontades conscientes, deleitamo-nos tão intensamente com a presença do Desconhecido, das sombras e penumbras e das perturbadoras insinuações do Mal e do Grotesco que se escondem nos covis ocultos em que secreta e perversamente desejamos adentrar, supostamente apenas por curiosidade? Será que é porque queremos conhecer coisas novas ou porque, muito intimamente, identificamo-nos com as obscuridades e bizarrices da fantasia e do próprio mundo que nos cerca? Por que, afinal, entramos em estranho êxtase ao ver o vampiro que dilacera violentamente a garganta de uma vítima inocente, o zumbi putrefato que, cambaleante, levanta-se de sua decomposição aquosa para devorar viva a presa humana, o maníaco que persegue a garota indefesa, o psicopata que tortura homens com requintes do mais engenhoso sadismo, a bruxa que voa aos pavorosos risos pela assustadora noite de lua cheia, o monstro de formas grotescas que repugna o mais corajoso dos homens, o fantasma espectral que vagueia lamurioso pelos corredores escuros, arrastando as correntes e os grilhões de sua eterna danação, o louco que alucina com formas e sons que não podem ser compreendidos, o enterrado vivo, o emparedado, o demônio de chifres retorcidos e cascos arqueados, o borbulhante sangue vividamente vermelho, as tripas estraçalhadas, os ossos expostos, os crânios abertos, os porões sem luz, as teias de aranha, as portas e janelas que batem sozinhas, as práticas execráveis da magia negra, do vodu e da macumba, a degradação dos valores, a corrupção da inocência, os sussurros, as trevas, os gritos e gemidos, os raios e trovões, as névoas, as fantasmagorias e tudo o que há de mais horrendo e assombroso na imaginação humana, cheia de sórdido sadismo e pungente masoquismo?

Metáforas de nossos reais sofrimentos e inconfessáveis desejos?

terça-feira, 15 de setembro de 2015

POEMA – Véu

VÉU

Em nefastos e decadentes cemitérios esquecidos,
Medonhos ataúdes e sepulcros se abrem;
Em meio a lamúrias e sussurros ensandecidos,
Espectros aflitos ricocheteiam, brigam, se batem e se rebatem.

Carnes pútridas e fedorentas aos solavancos se levantam:
O repelente festim de corvos e vermes perambulando.
Emanações pavorosas grassam, negrejam e flutuam,
Carregando o Terrível, o Odioso e o Horrível, que por pestilentos ares se vão disseminando.

Nesse maldito lugar ignoto, fétido como esgoto, vida a beleza servem apenas como adubos,
Onde o mal, sob o pavoroso luar sabático, revela segredos profanos na mais negra hora.
E as bruxas e os demônios, os vampiros e wendigos, wurdulaks, krampus, súcubos e íncubos,
Todos, no infinito cortejo sorumbático, evocando os espíritos arcanos dos tempos de outrora.

E longe do tropel cabalístico, esquecido em um canto e encharcado de sangue e pranto,
Entre um jazigo obscuro de criança e uma ossada velha que se deteriora,
Ignorado e isolado sob a sombra funesta da lodosa cruz da besta,
Um véu lutuoso cobre o triste rosto de uma pálida e gélida senhora.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

"A Caixa de Natasha e outras histórias de horror" – Primeiras análises

Fico muito emocionado quando ouço ou leio comentários a respeito do meu livro "A Caixa de Natasha e outras histórias de horror". Nos últimos meses, venho recebendo comentários extremamente gratificantes de pessoas que já estão se aventurando – e indo bem fundo! – nessas páginas sombrias de estranhos terrores inimagináveis. Como já mencionei antes, poucas coisas conseguem me deixar tão feliz quanto receber uma mensagem inesperada, no meio de um dia qualquer, de algum leitor que se assustou ou se surpreendeu pra valer com alguma de minhas histórias macabras. É uma sensação muito forte de entusiasmo e gratidão, de felicidade e satisfação, de surpresa e paixão, que eu simplesmente não sei descrever, mas que é capaz de transformar o mais monótono dos dias em uma aventura mágica cheia de novidades e descobertas. Isso porque a cada interpretação que as pessoas fazem dos meus contos – e a cada emoção que elas sentem e compartilham comigo – eu mesmo encontro novos pontos de vista para histórias que tantas vezes já li, aprendendo muito com isso e, é claro, me divertindo ainda mais. Mas o melhor de tudo é saber que alguém realmente está aproveitando meus escritos – e isso é o mais importante para mim. Afinal, prefiro um leitor realmente satisfeito, que fique com o sangue correndo mais forte nas veias assim como eu fico quando leio Stephen King ou Dean Koontz, do que uma legião inteira de pseudoleitores frios e indiferentes que apenas passam os olhos pelas letras e folheiam à toa o papel, sem imergir verdadeiramente nos mundos que ali existem (felizmente, esse não é o caso dos meus adoráveis leitores). Já vi gente lendo Lovecraft e não encontrando em seus contos mais do que um amontoado de letras e palavras, e isso corta o meu coração. Mas também conheço pessoas que vivem intensamente o universo desse escritor e criam mitos e mais mitos em cima dele. Na maioria das vezes, um livro é tão interessante quanto aquele que o lê, não é mesmo?

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Tradução e análise do poema "Eldorado", de Edgar Allan Poe

ELDORADO, de Edgar Allan Poe
Tradução de Melvin Menoviks.

Galantemente vestido,
Um cavaleiro destemido,
Ao sol e à sombra,
Travou longas viagens,
De canções, entoando passagens,
Em busca de Eldorado.

Rápidas considerações a respeito de traduções de poemas

Recentemente, eu trouxe aqui no blog uma tradução que fiz de “The Lighthouse”, o misterioso conto que Edgar Allan Poe nunca chegou a terminar. Além dessa tradução, também publiquei aqui uma matéria com algumas considerações importantes a respeito de traduções de obras literárias, evidenciando, ainda que em curtas linhas, as principais dificuldades que envolvem o trabalho do tradutor e o quanto tal trabalho influencia em nossas leituras diárias e na própria construção da conjuntura literária, cultural e até social de nosso país.

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Homenagem a Wes Craven (1936 - 2015)

O universo do terror e o cinema acordaram mais tristes hoje. Wes Craven, criador das séries "A Hora do Pesadelo" e "Pânico", faleceu neste domingo (30/08/2015), vítima de câncer no cérebro, aos 76 anos de idade.

sábado, 29 de agosto de 2015

Sugestão de filme: CORRENTE DO MAL (It Follows, 2014)

O filme "Corrente do Mal" ("It Follows", 2014), de David Robert Mitchell, finalmente estreou no Brasil. O filme vem recebendo excelentes críticas desde o seu lançamento no exterior, e muitas pessoas estão afirmando que ele é um dos filmes de terror mais inovadores dos últimos anos (se não das últimas décadas).

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Giallo – Um excelente curta-metragem em homenagem aos filmes de suspense italianos

No cinema de terror, um dos subgêneros de que mais gosto são os chamados filmes gialli (plural de giallo). Esse subgênero, iniciado na década de 60 por Mario Bava e aperfeiçoado nos anos seguintes por Dario Argento, aborda histórias de assassinos em série cuja identidade o espectador desconhece durante toda a trama, vindo a receber a revelação, quase sempre muito surpreendente, apenas no final do filme.

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

"The Lighthouse" – O conto inacabado de Edgar Allan Poe

Ao morrer, aos 40 anos, em condições misteriosas que permanecem inexplicadas até os dias de hoje, Edgar Allan Poe deixou um legado ímpar na literatura mundial: apesar de pequena no número de páginas, a obra desse poeta e ficcionista norte-americano proporcionou influências decisivas no desenvolvimento da literatura e na própria maneira de se compreender a arte, concebendo bases indispensáveis para o surgimento das histórias de detetives como as conhecemos hoje e para o reconhecimento do gênero "terror" em nossa cultura. A força da obra de Poe no imaginário de todas as gerações que lhe sucederam é incomensurável, e poucos escritores são tão respeitados e estudados quanto ele. A mente desse perturbado gênio das letras e da imaginação foi a responsável pela criação de contos e poemas famosíssimos e de inegável qualidade literária, como é o caso de "O Corvo", "O Gato Preto", "Assassinatos na Rua Morgue", "O Coração Delator", "William Wilson" e tantos mais.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Rápidas considerações a respeito de traduções de obras literárias

Para esta semana, pretendo trazer aos leitores do meu blog a tradução que fiz de um conto, inédito em Língua Portuguesa, escrito por um autor muito caro a nós, amantes da ficção de terror. Não revelarei, ainda, qual é o conto ou o escritor em questão, mas posso dizer que, se você já leu algo dele, certamente você nunca mais vai esquecer.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

POEMA – O Sono de Leonardo

O SONO DE LEONARDO

Leonardo é um bom e obediente menino de sete anos de idade.
Ele sempre viveu feliz em um pequeno povoado, alegre como se todo dia fosse natal;
Hoje, ele está deitado sobre a grama verde do bosque ao lado da cidade,
E sobre seu corpo sopra uma fresca e agradável brisa do puro ar matinal.

O sol está ameno e brilhante, dando ao vento uma temperatura mais do que adorável.
O céu estende-se num azul límpido, quase sem nuvens, tão pacífico quanto amável.
É domingo, e Leonardo, descansando, não tem qualquer preocupação;
Há muito tempo está ali, deitado, quieto, sob os pássaros, ao lado do ribeirão.

Alguém o chamou de longe – sua mãe? Seu pai? Um amigo? Seu irmão?
Mas Leonardo, estirado sobre a grama macia, não respondeu à exclamação.
Ele não iria sair dali, de debaixo daquele céu tão belo, em cima de tão fofo chão;
E então gritaram seu nome mais uma vez, convidando-o à dominical refeição.

Os convites não adiantaram, e Leonardo continua deitado, bem perto do rio.
Ele ignora tudo e permanece esticado na grama, sob o frescor de brandos ares;
Pois seu corpo de menino de sete anos, duro, imóvel, pálido e acinzentado, está frio,
E os urubus já devoraram tudo o que ele tinha dentro dos glóbulos oculares.

domingo, 2 de agosto de 2015

Conto "PHANTASMAGORIA" em "O CORVO: UM LIVRO COLABORATIVO"

Excelentes notícias! O conto "Phantasmagoria", que escrevi com base em uma antiga ideia de roteiro para um curta-metragem, foi selecionado para participar da antologia "O Corvo: um livro colaborativo", que a Editora Empíreo está organizando em homenagem aos 170 anos do poema "O Corvo", do Edgar Allan Poe. O livro contará com 60 textos e 15 ilustrações de artistas brasileiros, todos fazendo tributo ao clássico poema do mestre do terror. Dentre eles, estarão presentes trabalhos de escritores há muito consagrados, como R. F. Lucchetti, André Vianco, Cláudia Lemes, Andrei Simões e Bruno Godoi, e de ilustradores da envergadura de Lupe Vasconcelos, Zakuro Ayoama e Eduardo Seiji. Será um grande livro que certamente irá entrar para a História da literatura nacional!

terça-feira, 28 de julho de 2015

MÚSICAS BASEADAS EM FILMES DE TERROR – Parte 1

Quem já se envolveu com criação musical, ainda que de brincadeira, sabe que as fontes de inspiração para uma música são inúmeras, mas que parecem sempre insuficientes ou fugidias para o compositor. Encontrar o tema certo para uma letra que faça sentido em determinado ritmo nem sempre é tarefa das mais fáceis, e desenvolver esse tema até que ele se encaixe em uma sucessão de notas, acordes, riffs e solos é ainda mais difícil, o que torna verdadeiramente preciosas as boas canções com letras interessantes.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Antologias "Vícios, Taras e Medos – Contos Psicológicos" e "Letras do Brasil"

Com muita satisfação, venho informar que dois contos de minha autoria foram selecionados para integrar as antologias de contos "Vícios, Taras e Medos  Contos Psicológicos" e "Letras do Brasil", ambas promovidas pela Editora Illuminare e coordenadas pela talentosíssima Rô Mierling  uma das pessoas que conheço que mais apostam na literatura nacional e que se dedicam com profissionalismo e paixão reais ao objetivo tão belo de descobrir, valorizar e incentivar os bons autores do nosso país.

terça-feira, 21 de julho de 2015

AGRADECIMENTOS (Lançamento de "A Caixa de Natasha e outras histórias de horror")

Ao me pôr a fazer uma nota de agradecimento a todas as adoráveis pessoas que compareceram (ou quiseram comparecer, mas não puderam) no lançamento do livro "A Caixa de Natasha e outras histórias de horror", encontrei-me angustiado em meio a um complicado dilema: se eu escrevesse apenas um ou dois parágrafos curtos dizendo meu muito obrigado a todos, talvez isso fosse pouco e não expressasse às pessoas toda a extensão de minha gratidão, a qual é incomensurável; por outro lado, se eu fizesse um texto muito longo, correria o risco de, contra a minha vontade, soar cansativo e  pior ainda!  falso (argh!). Com essa inquietação em mente, decidi que só havia uma forma de resolver o problema: ignorando-o e escrevendo a verdade, e apenas a verdade, sem me importar com quantidade de linhas ou parágrafos, na esperança de conseguir transmitir ao menos um pouco da minha felicidade aos meus amigos e na confiança de que eles a aceitarão com a mesma sinceridade de espírito com que deixaram por algumas horas de fazer o que tinham para fazer apenas para estar comigo, no inesquecível dia 11 de julho de 2015, na Livraria Curitiba.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

MÚSICA – Killer's run

A música a seguir, cuja letra provém da mente atormentada de um assassino em série, foi composta por dois carniceiros insanos em um domingo obscuro e nebuloso. Killer's Run é um Doom Metal lento e pesado feito com um violão velho, uma garganta angustiada e influências satânicas. Tudo isso gravado com um mísero aparelho de celular, sem correções no áudio e sem novas tentativas de gravação. Preparem os ouvidos! \m/_ \m/_ \m/_


Vocal: Murilo Toffanelli
Letra e violão: Melvin Menoviks

terça-feira, 14 de julho de 2015

POEMA – Ingrid

INGRID

O quarto era rosa e cheio de desenhos coloridos, com flores, arco-íris e balões.
Pelo chão e sobre a cama havia vários bichinhos e muitas coisas tipicamente infantis,
Como o palhaço inflável, que estava no canto com um sorriso aberto e abobalhadas feições.
Mas, apesar das coisinhas de criança, tudo estava meio esquisito, e nada ali parecia feliz.

Esse era o quarto das bonecas de Ingrid Buendia,
Onde ela deveria estar brincando com sua amiguinha Camila, que estava vestida de fada.
No entanto, de rosto fechado, ela deixava todas as bonecas para a colega
E permanecia apenas a encarando com olhos fixos, sérios e faiscantes, a boca muito apertada.

Camila não entendia o motivo de sua amiga estar sempre muda e se comportando assim,
E muito menos sabia o que ela mesma poderia estar fazendo de errado.
Afinal, ela tinha apenas sete anos de idade,
E não fazia ideia por que Ingrid deixava as sobrancelhas daquele modo tão cerrado.

Algo naquela menina Ingrid era muito estranho,
Pois ela parecia estar sempre pálida e com uma feição sombria.
Ao contrário do que os pais dela imaginavam,
Ela não brincava nunca, e também nunca sorria.

Mas, disso, apenas a inocente Camila sabia.
Camila tinha um pouco de medo dela,
Mas seus pais pediam para que com Ingrid ela brincasse.
“Ela é tão sozinha, a filha dos Buendia”, diziam eles, com pena.
“Poderia fazer bem a ela se na casa dela um dia ou dois você passasse”.

Por isso, ainda que Camila implorasse aos pais para que a deixassem na casa dos avós,
O casal, que ia sair de viagem, preferiu que ela posasse na casa dos Buendia:
Assim, a pequena Camila poderia fazer amizade com a garota e deixá-la feliz,
Tirando-a daquela estranha, precoce e injustificável melancolia.

Mas os pais de Camila não suspeitavam o erro que cometeram ao tomar tal decisão.
E, agora, no quarto com as bonecas, ao lado de um copo com leite e um lanche de presunto,
Ingrid continuava com seu olhar maligno, cheio de ódio,
E a boca se contraía em um botão branco e apertado, como a de um defunto.

Camila procurou se afastar e ir para a sala, para pedir para ir embora,
Mas bem naquele momento o Sr. e a Sra. Buendia haviam saído para comprar refrigerante.
Quando Camila não aguentava mais o olhar da menina malvada sobre si e resolveu sair dali,
A porta do quarto se fechou com um estrondo, e as paredes vibraram por um instante.

Camila pensou em gritar, mas simplesmente não conseguiu.
Ingrid, agora, se aproximava dela e sorria assustadoramente,
Não como uma criancinha alegre,
Mas como uma velha ensandecida e doente.

As lâmpadas do quarto estouraram de súbito, deixando tudo em absoluta escuridão,
E um pavoroso som de origem ignota ecoou pela casa, como a risada de um maníaco demente.
Nesse momento, enquanto Camila chorava, Ingrid, com a mais fria das vozes, sussurrou:
“O diabo está aqui com a gente”. 

terça-feira, 7 de julho de 2015

OS DESAFIOS DE SER ESCRITOR – Segunda parte

PARTE 2 – Escrevendo
Dando continuidade à série de textos que venho publicando aqui no blog a respeito dos desafios que os escritores – em especial os escritores brasileiros contemporâneos – encontram ao longo de todos os processos necessários para a publicação e comercialização de suas obras, desde o primeiro rabisco em um rascunho qualquer até o relacionamento com críticos e leitores, trago para vocês mais uma parte bem legal da entrevista que dei para a editora a respeito do meu livro “A Caixa de Natasha e outras histórias de horror”, cujo lançamento ocorrerá no próximo sábado, dia 11/07, às 16 horas, na Livraria Curitiba do Shopping Catuaí, em Londrina-PR (estão todos convidados!!!).

Conforme prometi no último texto desta seção, as respostas abaixo contam um pouco sobre minhas influências literárias e sobre como me empenhei para conseguir concluir e publicar o livro.

Para não aborrecer o leitor, no entanto, não entrei em grandes detalhes no que diz respeito às partes “técnicas” do assunto (busca por uma editora, contratos editoriais, revisão dos textos, etc.), mas, se algum escritor quiser conhecer minha experiência para trocar opiniões e, conhecendo meus erros e acertos, evitar os vários problemas que podem aparecer no caminho para uma publicação séria e eficiente, basta entrar em contato comigo pelo facebook. Terei enorme prazer em conversar com meus colegas escritores e mesmo com os curiosos que só queiram conhecer um pouco mais dos "bastidores" desse intenso universo que é a literatura. A gente sempre aprende com o diálogo, e, por meio dele, todos saem ganhando.

Sem mais delongas, segue a entrevista:

Pergunta: Como surgiu a ideia do livro?

Resposta: Faz um bom tempo que venho escrevendo com uma frequência considerável (levando-se em conta que devo conciliar a escrita ficcional com estudos na faculdade e estágios profissionalizantes). De lá para cá, desde que percebi o prazer que sinto na criação literária, penso em publicar um livro. Considerei publicar antes, mas isso seria um grande erro, já que eu tinha pouco material para oferecer. Foi só quando consegui reunir páginas suficientes para um livro sólido, coeso e consistente, descartando os contos ruins e medianos que eu havia escrito durante os primeiros passos da aprendizagem, que decidi levar adiante a ideia de publicação.

Pergunta: Você escreve para qual público?

Resposta: Não penso exclusivamente no público quando me ponho a escrever. Escrevo pensando na qualidade literária e em meu próprio gosto, quando não no simples prazer de escrever, sem me limitar por quaisquer outras barreiras. No entanto, é inegável que o público-alvo de meu livro é composto pelos fãs de horror e por aqueles que buscam sensações novas e singulares, em especial para quem está à procura de emoções fortes de arrepiar os cabelos e tensões psicológicas de gelar a espinha. Meu livro, por motivos óbvios, só não é indicado para as crianças (risos).

Pergunta: Você se espelhou em alguma história real para criar seu livro?

Resposta: Graças a Deus, não! (Risos). Apesar do conteúdo macabro e violento de minhas histórias, detesto violência na “vida real”.

Pergunta: Qual é o seu livro preferido? Como é o processo de criação de um livro? Você ouve música? Tem um escritório? Tem alguma mania ou curiosidade?

Resposta: Não posso dizer que tenho um único livro preferido. Leio o máximo que posso e com grande variedade de gêneros e estilos, por prazer e para enriquecer minha própria escrita. Muitos de meus livros preferidos nem são de terror, como, por exemplo, “As Aventuras de Huckelberry Finn”, do Mark Twain, “Capitães da Areia”, do Jorge Amado, “Laranja Mecânica”, do Anthony Burgess, “Kill All Enemies”, do Melvin Burgess, e “Coração das Trevas”, do Joseph Conrad. No terror, admiro muito Dean Koontz, Stephen King, Poe, Lovecraft, Robert Bloch e William Peter Blatty. Comecei a ler Anne Rice recentemente e estou adorando. Também tenho uma grande admiração pelo Salman Rushidie.

Sobre o processo de criação de um livro, cada autor tem um perfil que lhe é peculiar, com rotinas, métodos e inspirações próprias, de modo que é impossível generalizar que “é assim, assim e assim” que se escreve um livro. Contudo, é certo que, para a criação de qualquer obra com um mínimo de qualidade, são necessários muito trabalho duro, paciência e disciplina. Aquela visão romanceada do senso comum de que os escritores criam suas obras em um ataque súbito e irresistível de uma inspiração quase divina, apesar de ter sua beleza e uma pequena dose de verdade, não coincide com a realidade. É como Picasso disse: “a inspiração existe, mas deve me encontrar trabalhando”. O processo de escrita envolve consultas a dicionários, estudo da gramática e de variados recursos linguísticos, revisão, paciência, mais revisão, humildade para saber encontrar e superar erros e vícios de linguagem, novas revisões, dentre tantas outras árduas tarefas – e isso deve coexistir com a força necessária para não desanimar ou abaixar a cabeça para editoras ruins, profissionais arrogantes que não te dão o mínimo de valor ou respeito, gente que desdenha de seu trabalho, limitações pessoais que devem ser superadas, um mercado literário pouco aberto a autores nacionais, dentre tantos outros obstáculos que aparecem constantemente na vida de um escritor.

Falando sobre mim especificamente, sinto como se cada conto ou poema meu tivesse vida própria e independente, cada um seguindo seu caminho para ganhar a luz à sua maneira excêntrica. Existem contos bem curtos que demorei meses para escrever e já houve casos de eu escrever histórias de mais de quinze páginas em cerca de dois ou três dias. Há contos que surgem de ideias oriundas de fragmentos de outros livros ou filmes; há aqueles que aparecem de alguma partícula de um sonho louco; outras ganham vida a partir de uma coincidência acidental da junção de dois ou mais pensamentos aparentemente banais... As fontes são inúmeras e inclassificáveis, mas o principal é ter um bom equilíbrio entre paciência e audácia para saber colocar tudo no papel de uma forma interessante, cativante, coesa e, de preferência, com inovações.

Também retiro muitas influências de músicas, mas raramente as ouço enquanto escrevo. A música tem uma força muito grande para criar imagens mentais e sensações incomuns que podem ser usadas em histórias, mas, no momento de escrever, gosto de me concentrar ao máximo apenas na escrita, para garantir o máximo de qualidade de que sou capaz, sem distrações. Ainda assim, posso dizer que meu processo habitual de escrita se assemelha muito com a criação de uma música, pois me preocupo mais com o ritmo e a velocidade do texto, bem como com as sensações que ele vai causar no leitor, do que com outros elementos da narrativa. Mas não deixo de prestar atenção em nenhum desses elementos, é claro.

Pergunta: Qual seu autor-referência?

Resposta: Os escritores que mais me influenciam, atualmente, são Stephen King, Edgar Allan Poe, H.P. Lovecraft e Dean Koontz. Mas extraio influências, ainda que relativamente menores, de muitos outros, como, por exemplo, Dostoiévsky, Anne Rice, Machado de Assis, Cruz e Sousa, Augusto dos Anjos, Sheridan LeFanu, Bram Stocker, Guy de Maupassant, Robert Bloch, Salman Hushdie e Will Self, dentre outros.

Pergunta: Se tiver que resumir o livro em poucas linhas, como faria?

Resposta: O livro é uma viagem de sensações e emoções extremas, intensas e extraordinárias por mundos igualmente arrebatadores de sonhos e pesadelos incomuns, entre sombras, sangue e mistérios.

E lembre-se: a única coisa mais aterrorizante do que as primeiras 273 páginas de A Caixa de Natasha são as últimas 100!

***

Para as próximas postagens na seção "Os desafios de ser escritor", pretendo reunir histórias curiosas sobre escritores famosos em relação a suas primeiras experiências na literatura.

Mantenha-se ligado no blog!

sábado, 4 de julho de 2015

Sugestão de filme e mini-resenha – THE BABADOOK

The Babadook tem grande relação com um texto que escrevi aqui no blog (clique aqui para conhecê-lo).
A resenha de hoje é bem curta pelos seguintes motivos:
1 - As publicações no blog são sempre feitas nas terças e quintas-feiras. A de hoje (um sábado) é excepcional, por razões que se tornarão óbvias ao longo do texto;
2 - Não quero passar nem perto de dar spoilers do filme;
3 - O filme em questão é tão bom que qualquer comentário sobre ele se faz desnecessário.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

MÚSICA – Pinhead's song

Na semana passada, postei por aqui a música The One With Horns, escrita por mim e executada pelo Murillo "God Damn" Toffanelli. De agora em diante, a ideia é publicarmos, sempre que possível, uma de nossas músicas autorais ou, pelo menos, um cover de alguma de nossas bandas favoritas.

Então, para estraçalhar seus ouvidos com os acordes mais impactantes do horror punk acústico, apresento-lhes a poderosa, contagiante, barulhenta e extremamente viciante Pinhead's Song, baseada, obviamente, no clássico e sangrento filme de terror do Clive Barker: Hellraiser. \m/_

Desafio qualquer um a conseguir não sair cantando por aí o refrão dessa música depois de ouvi-la!

Letra e música por Murilo Toffanelli

terça-feira, 30 de junho de 2015

Resenha em vídeo: A ESTRADA DA NOITE, de Joe Hill

Com pouco menos de um mês desde a primeira postagem por aqui, este obscuro blog de Melvin Menoviks, para o prazer do leitor e para minha própria satisfação, conquistou uma adorável parceria que certamente irá enriquecer, e muito, estas páginas sombrias.

Com grande entusiasmo e alegria, anuncio a parceria entre Melvin Menoviks e a talentosa Mariana Mortari, criadora do canal no youtube Chá de Prosa e do blog de mesmo nome! \m/_

Para quem ainda não conhece, Chá de Prosa é um canal bem bacana destinado a dar dicas de leitura e a fazer resenhas de livros de suspense, mistério, ficção científica e, é claro, de terror. Os vídeos do canal, apresentados pela simpática Mariana Mortari (que, assim como eu, é uma grande fã da boa literatura macabra), são dinâmicos e descontraídos, com muito conteúdo de qualidade e aquilo que mais importa: transbordante amor pelos livros e pelas mais sinistras ficções.

Portanto, para inaugurar a parceria, divulgo a excelente resenha em vídeo que a Mariana fez sobre A Estrada da Noite, do Joe Hill.


A Estrada da Noite é um livro interessante e assustador, com personagens bem construídos e uma trama que, apesar de simples, cumpre seu papel em cativar o leitor com o bom e velho medo do sobrenatural. Além disso, trata-se do primeiro livro publicado pelo filho do Stephen King (o qual dispensa quaisquer apresentações e cujo nome é tão sinônimo de "terror" quanto "Hitchcock" é de "suspense").

Mas deixemos que a própria Mariana nos conte um pouco mais sobre esse competente livro do Joe Hill.

Obs.: vídeo sem spoilers.

Para ler a resenha escrita que a Mariana fez do livro, visite o blog dela clicando aqui.
***
Comentário meu: pessoalmente, considero A Estrada da Noite um livro bom e divertido – mas não muito mais do que isso. Joe Hill escreve bem e tem um estilo bastante parecido com o do pai (o que é legal, de certa forma), mas as surpresas no desenvolvimento da trama, a criatividade nas "brincadeiras" e jogos linguísticos, a intensidade das imagens criadas no decorrer da história e o aprofundamento no terror e na psicologia de seus personagens são um pouco mais limitados. No entanto, tudo isso é facilmente perdoável, já que se trata do romance de estreia do jovem Hill – e, no fim das contas, não atrapalha de modo tão significativo o prazer da leitura. Além do mais, nunca é muito justo querer comparar algum escritor com um monstro como o mestre King, não é mesmo?

E você, já leu A Estrada da Noite? O que achou do livro? Não deixe de comentar! Se ainda não leu, fica a sugestão para as noites chuvosas.
Outros títulos do mesmo autor são "O Pacto" e "Nosferatu". Ambos aparentam ser muito promissores, mas, infelizmente, ainda não tive tempo de ler nenhum deles. De qualquer forma, logo, logo eles estarão na minha estante, aguardando para jorrar seus mistérios e terrores em mim como o sangue de uma garganta lacerada sendo esguichado em direção à boca ávida de um vampiro cruel.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

MÚSICA – The one with horns

Quando as ocasiões permitem, venho gravando algumas músicas com o meu amigo Murilo Toffanelli.

Com letras baseadas em nossas leituras insanas e em filmes esquisitos, compomos músicas usando apenas um violão velho e um decadente gravador de celular. É um projeto simples, mas divertido ao extremo, e que, à nossa maneira despretensiosa, vem rendendo algumas músicas bem legais, com ritmos de blues, psychobilly, country, horror punk, rock and roll e até heavy metal. \m/_

A primeira música que gravamos juntos foi a misteriosa The one with horns, que é sobre um homem que, em uma noite sinistra, avista uma criatura não-humana que o leva a conhecer seu "Mestre". Confiram! \m/_

Letra por Melvin Menoviks
Música por Murilo Toffanelli

terça-feira, 23 de junho de 2015

AS DELÍCIAS DO TERROR E AS TREVAS DO CORAÇÃO

Tendo em vista o conteúdo forte, violento, chocante e perturbador de alguns de meus contos reunidos no livro “A Caixa de Natasha e outras histórias de horror”, bem como o atordoante impacto que eles vêm causando em leitores menos acostumados a esse intenso gênero de literatura, senti-me na obrigação de dar algumas palavras explicativas a respeito do assunto para esclarecer dúvidas e elidir apreensões criadas nas mentes daqueles que temem pela minha sanidade mental e por suas próprias seguranças.

Em primeiro lugar, eu não sou meus personagens. Mesmo naqueles contos escritos em primeira pessoa em que o narrador, atormentado e problemático, não revela seu nome, certamente ele não é o mesmo sujeito que este que lhes escreve. Isso pode parecer extremamente óbvio para quase todo mundo, mas existem pessoas que sentem uma enorme dificuldade em assimilar esse princípio básico da criação literária, mesmo quando dizem para si mesmas que o compreendem plenamente. Isso ocorre porque não estamos falando de compreensão racional, mas de sentimentos dos quais somos totalmente inconscientes: trata-se de algo muito semelhante ao que acontece com fãs de novelas televisivas que alegam assistir aos episódios diários apenas para se divertir, mas que saem xingando e agredindo fisicamente o ator que interpreta o vilão assim que o veem na rua.

Essa confusão é algo natural no ser humano e faz parte da magia da ficção, mas deve ser muito bem compreendida para não resultar em tragédias irreversíveis, embora facilmente evitáveis, que, por isso mesmo, são tão lamentáveis. Os personagens – e mesmo os narradores – são “máscaras e fantoches” que o autor usa para expressar algo, para criar um pensamento no leitor ou simplesmente para poder contar uma boa história.

Dito isso, ainda resta a seguinte dúvida: será que não existem casos em que o narrador/personagem é tão semelhante ao autor, em história de vida e em pensamentos, que essa linha divisória entre um e outro vai ficando cada vez mais turva e esvaecida, a ponto de desaparecer ou ficar absolutamente indistinguível? E a resposta não poderia ser outra: é claro que há! No entanto, mesmo nesses casos incomuns, narradores e personagens são narradores e personagens. O autor é só uma força que lhes dá vida. Contudo, podemos brincar com isso. Manipular expectativas e jogar com emoções. E essa é uma das graças da ficção e da imaginação: nós deixamos a ilusão nos guiar.

Agora, aqui entre nós, tenho um segredinho sujo para compartilhar com vocês: o que vocês diriam se, ao contrário do que eu disse ali em cima, eu revelasse que, na verdade, TODOS os meus personagens – mesmo aqueles mais abomináveis e perturbados – são, em essência, eu mesmo? Vocês ficariam espantados? Chocados? Pois essa é a verdade. Acalme-se, acalme-se: até o fim do texto você vai entender o que quero dizer e vai ver que eu não sou um maníaco psicopata sedento por sangue, vísceras e corpos desmembrados.

Apesar de não fazer disso uma regra, acredito que toda a ficção que crio é uma forma de explorar e simbolizar eus-interiores e sensações inomináveis que existem dentro de mim para que eu me conheça melhor e possa expandir minha personalidade de uma forma mais consciente e sustentável. Escrever é, em síntese, uma forma de auto-descoberta e, consequentemente, de descoberta do mundo e do que há além do mundo. É uma exploração psíquica, intelectual, emocional e sensitiva. É nadar em mares profundos, captando manifestações sensoriais de toda sorte e organizando-as em palavras inteligíveis, sedutoras, para o leitor.

Mas, então, por que escolhi justamente o terror para essa viagem constante em minha vida? Por que decidi me valer de imagens e sensações aterrorizantes para guiar a interminável caminhada de fantasia e realidade que constitui a criação literária?

Essa pergunta me leva a pensar sobre o próprio motivo da existência da ficção de horror e sobre a importância das metáforas assustadoras não apenas no interior do texto, mas do próprio texto como uma metáfora para algo maior.

Ora, por que alguém vai querer ler a respeito da desgraça do outro, conhecendo tormentos assombrosos e dores profundas em detalhes minuciosos? Por que a penúria humana, na literatura, tem tanto impacto e representatividade? Qual é o valor disso nas letras e nas artes em geral? Pois é aí que está a chave do mistério, meu caro leitor, que muitas pessoas não sabem reconhecer. Encontrá-la é descobrir um mundo novo e cheio de oportunidades maravilhosas.

Antes de pensamentos mais aprofundados concernentes ao tema, é importante que tenhamos em mente a seguinte proposição, da qual nenhum psicanalista jamais ousaria discordar: a violência faz parte do ser humano e é uma de suas necessidades básicas, assim como comer, respirar e amar. Dessa forma, é melhor que toda essa violência seja exercida no terreno seguro da ficção, em livros, filmes e video-games, do que na delicada organicidade da realidade, onde as consequências são severas e implacáveis.

Mais do que isso, a ficção de terror/horror, além de servir como entretenimento e fuga da realidade que mexe com nossos nervos e faz com que nos sintamos mais vivos, como verdadeiro deleite animal similar àquele que experimentamos ao morder um suculento pedaço de carne, tem um papel fundamental em nosso aprendizado, que é o de confrontar o ser humano com seus medos, traumas e, principalmente, com todo o mal que há dentro dele, esperando para sair da forma mais desastrosa possível. Eu realmente tenho a séria convicção de que é só conhecendo a podridão e a fraqueza que há dentro de nós que conseguimos nos libertar delas ou, pelo menos, conviver com elas, aceitando-as e evitando que elas nos dominem.

Quem assiste a O Exorcista pode ver apenas um show de horrores com uma menina possuída que vomita coisas verdes e roda a cabeça 360 graus. Mas, com um pouco mais de perspicácia, também pode encontrar a eterna luta entre o bem e o mal simbolizando uma família sendo assolada por uma doença inexplicável, pela tensão conflituosa entre parentes e até mesmo pelas mudanças e instabilidades da pré-adolescência.
Mais do que encontrar finais felizes que nos deixem com a mente mais tranquila e relaxada, devemos saber olhar para nossas trevas internas e para nossa ignorância, que é infinita, para não permitir que elas nos devorem sem que percebamos e nos transformem nos monstros que tanto abominamos. Como costumo repetir com frequência, “os verdadeiros monstros não nos matam e aniquilam – eles se camuflam e, sorrateiramente, nos transformam em monstros como eles”. Ou será que você realmente acha que alguém pratica o mal deliberadamente, porque quer fazer o mal e pode escolher fazer o bem, sabendo o que é o bem? Não estou dizendo que a maldade é, sempre, a ausência de livre-arbítrio – só estou dizendo que o “diabo” (ou seja, nós mesmos) é insidioso o suficiente para nos fazer acreditar que é prazeroso fazer o mal e que ele não será revertido contra nós próprios, de uma forma ou de outra.

Apesar das aparências, não estou querendo ser um moralista. Na verdade, passo muito longe disso, e considero até que sou uma das pessoas mais amorais que existem. A moral pode ser uma limitação perigosa, asquerosamente hipócrita e preconceituosa, e há inúmeras questões em que conceitos como “bem” e “mal” simplesmente não são aplicáveis. Mas, de vez em quando, precisamos colocar as coisas nesses termos para que sejamos capazes de entender algumas “verdades” com maior facilidade.

Sabendo desses meus pontos de vista, fica mais fácil compreender por que algumas de minhas histórias são tão chocantes para muitas pessoas. Por isso mesmo, não escondo que muitas delas podem perturbar o leitor de uma forma íntima e dilacerante – traumática, até –, mas garanto que essa não é a minha intenção fundamental. Minha intenção é sempre divertir o leitor com imaginação macabra e, quando possível, mostrar-lhe, por meio de símbolos e alegorias, verdades que de outra forma nunca seriam expostas.

Alguns de meus contos são simples diversões despretensiosas, mas muitos deles são fábulas sobre nossa alma. Por exemplo: boa parte dos contos fala, simbolicamente, sobre a autodestruição e a maneira obsessiva com que as pessoas a procuram sem se dar conta disso, acreditando que o que fazem é o propósito de suas vidas, e não a eliminação delas. Quantas vezes não vemos alguém que amamos se afundando por contra própria em uma areia movediça da qual logo não haverá mais escapatória? Quantas vezes não vemos pessoas adoradas cavando a própria cova sem que possamos fazer qualquer coisa para salvá-las? O nome do que espero estar fazendo na minha ficção é “profilaxia”. Procure no dicionário. Vale a pena.

A verdade é que, quando nos perdemos de nós mesmos, procuramos nos destruir, pois já não nos reconhecemos mais no espelho de nossa própria mente, e o reflexo que vemos nos causa asco. É por isso que uma pessoa que tem medo de altura, se chegar a níveis extremos de dor e desespero, fatalmente se jogará de um precipício. Quem tinha medo de objetos cortantes, flagela-se com o estilete mais afiado que vê pela frente, alucinando-se com o débil prazer que acompanha a dor. No dia-a-dia, “pulamos do precipício” e “nos flagelamos” de formas muito mais sutis, só que perigosíssimas. Comemos sem parar para afastar o vazio na alma quando sabemos que estamos obesos. Entregamo-nos resignadamente à preguiça do sofá ao invés de nos divertir ou nos exercitar, porque a diversão parece só existir para os outros e os exercícios nos parecem demorados e inúteis demais. Jogamos e apostamos mais do que temos, como um substituto pobre para os objetivos genuínos que devem fazer parte de nossa rotina. Bebemos, fumamos e usamos medicamentos e drogas para acender a adrenalina que já não encontramos mais em outros lugares ou para acalmar nossos nervos, dos quais já não temos mais controle. Todos esses comportamentos são válvulas de escape aparentemente inofensivas, mas também são suicídios em parcelas. É como tomar veneno com um conta-gotas.

Mudanças também costumam ser dolorosas, mesmo quando vêm para o nosso bem. É difícil lidar com elas. Temos de deixar para trás muita coisa e conviver com novidades desconhecidas que nos amedrontam. Mas essa é a única forma que temos de continuar vivendo e sendo nós mesmos, evoluindo para não morrer. O Desconhecido nos assusta e nos fascina de modos estranhos. É a condição primordial para a existência.

A ficção de terror, nesse contexto, serve como um alerta para sabermos olhar para o que há em nosso interior. No escuro da nossa alma, vagueando sem rumo nas trevas do nosso coração, há criaturas grotescas feitas de ódio, raiva, dores, frustrações, arrependimentos, traumas, vergonhas, preconceitos, humilhações e perspectivas nunca alcançadas. Temos de encontrar esses monstros asquerosos e pegá-los no colo para afagá-los, dar-lhes carinho e uma mão amiga cheia de compreensão que faça com que eles não cresçam e se tornem maiores do que nós mesmos. Temos de aconchegá-los em nosso peito com redenção verdadeira, colocá-los juntos de nosso lado bom e transformá-los em superação e aprendizagem. Eles não vão desaparecer, mas serão domesticados. E podem até se tornar nossos amigos.

O terror pode não nos dar alívio imediato, mas ele é capaz de nos mostrar onde está o problema e de encontrar um caminho iluminado de ida e volta em meio à escuridão – basta termos a coragem e a força necessárias para percorrê-los.

E quem disse que não podemos enfeitar esse caminho com muita imaginação e fazer dele um lugar sinistramente agradável para caminhar?

E também podemos usar a ficção de horror para extravasar toda a violência e crueldade que há dentro da gente sem pôr em risco a vida de ninguém! É mais seguro do que tirar rachas bêbado ou arranjar brigas em bares. Ou torturar alguém até a morte com uma machadinha... ;)
Nós não seríamos capazes de fazer mal nem a uma mosca, não é verdade?