Entrevista super completa que concedi ao Fernando Nery, do blog Filósofo dos Livros, no dia 21/05/2016:
- Filósofo dos Livros:
Olá, Melvin Menoviks! Agradeço a você por conceder essa entrevista ao Blog
Filósofo dos Livros. Gosto de começar sempre pelo início literário do autor.
Como você criou o gosto pela leitura e o que o levou a se tornar um escritor?
- Melvin Menoviks: Olá,
Fernando! Eu é que agradeço pela oportunidade e pelo seu interesse em conhecer
mais desse esquisito ser chamado Melvin Menoviks!
Bem,
isso pode ser bastante estranho de se ouvir de um escritor, mas eu comecei a
ler bem tarde em minha vida. Ouço histórias por aí de pessoas que com doze anos
já haviam lido todos os romances do Conan Doyle e que, com catorze, liam em
média um livro grosso por mês. Acho legal quando ouço tais relatos, mas essa
não foi minha realidade: como eu nunca tive grande influência em casa para ler
e como nasci em uma cidade pequena que não tem uma única livraria em todos os
seus três quarteirões [risos], acabei
não desenvolvendo o hábito da leitura quando criança. Além disso, os livros que
me eram disponíveis nessa época não me chamavam a atenção e eu facilmente
ficava entediado com eles, de modo que minha mente inquieta se interessava mais
por filmes, jogos e outras formas de entretenimento que não envolvessem páginas
de livros com bichinhos coloridos e histórias bonitinhas (com exceção dos
gibis, que eu lia com frequência). Apesar de isso ter sido algo que tornou mais
tardio o desenvolvimento de minha compreensão sobre a literatura, por outro
lado foi exatamente isso que favoreceu o crescimento de uma imaginação mais
livre e individualizada: de certa maneira, para mim foi mais fácil fugir da
influência dos clichês e eu pude aproveitar o tempo livre da infância para
explorar outros assuntos que, depois, vieram a influenciar decisivamente na
minha escrita.
Durante
a adolescência, apaixonei-me pelo cinema, e com cerca de catorze anos pus-me,
sem dinheiro algum, a fazer filmes independentes com os meus amigos. No começo
eram filmes amadores de péssima qualidade, mas depois fomos aprimorando nossas
habilidades e contornando os obstáculos com criatividade e audácia até
conseguir (ainda sem dinheiro, equipamento adequado, cenários apropriados ou
atores experientes) filmar alguns curtas-metragens melhores, com os quais
fiquei plenamente satisfeito. Mesmo assim, o cinema me era demasiadamente
limitante, e sempre me foi óbvio que sem dinheiro é impossível fazer filmes que
as pessoas virão a assistir e a apreciar de verdade. Ademais, o cinema também
apresenta a dificuldade de ser uma construção coletiva, que depende de esforço
coletivo, e não apenas da minha força de vontade.
Nesse
meio tempo, por uma espécie de atração natural que eu não sei explicar, entrei
em contato com a obra de Edgar Allan Poe, e, apesar do vocabulário difícil, ela
exerceu grande fascínio sobre mim. Depois, um amigo me apresentou uma coleção
de contos macabros organizados pelo Alfred Hitchcock e, a partir daí,
compreendi que os livros não são escritos por seres abençoados que só vivem no
passado ou no exterior, distantes de mim, intocáveis e cheios de talento, mas
por gente real, como eu e você, que simplesmente se dedicou a passar uma ideia
para o papel e que assim o fez (isso sem a necessidade de câmeras, equipamentos
de iluminação e toda a parafernália do cinema, já que escrever precisa tão
somente de dois materiais: caneta e papel). Então, aventurei-me na criação
literária.
Assim,
foi escrevendo que adquiri grande amor pela leitura. Do mesmo modo que havia
acontecido com o cinema, foi fazendo literatura pelas minhas próprias mãos que
eu encontrei a verdadeira beleza dos livros: escrevendo, aprendi a ler; fazendo
filmes, aprendi a assistir aos filmes. Não estou dizendo que eu não lia livros
ou via filmes antes disso. Estou dizendo, apenas, que, ao me aventurar nos
processos de criação, adquiri uma compreensão maior do que lia e via, e isso
abriu não apenas minha mente, mas toda a minha alma para um mundo muito, muito
maior. Um mundo belo, mágico e fantástico, repleto de mistérios e surpresas
deslumbrantes.
Como
uma evolução natural, passei a ler com mais frequência, e também a escrever com
maior paixão. Desde então, nunca mais parei, e posso afirmar que, se eu parar,
estarei morto como uma pedra sem cor no fundo de um oceano frio.
- Filósofo dos Livros: Sua
família achou estranho o fato de você começar a escrever? Você teve apoio dela?
Aliás, as pessoas lhe acham diferente por você ter escrito “A Caixa de Natashae outras histórias de horror”?
- Melvin Menoviks:
Sempre tive total apoio da minha família e dos meus amigos em tudo o que fiz.
Embora meus pais não tenham me influenciado a ler quando criança, eles nunca
atrapalharam o livre desenvolvimento de minha personalidade e sempre me deram
toda a base necessária para esse desenvolvimento. Essa postura por parte deles
eu considero muito melhor do que se eles tivessem me coberto de livros e mais
livros ou me obrigado a seguir determinado caminho sem opção de escolha, mesmo
que fosse “para o meu próprio bem”. Se eles tivessem feito isso, minha rebeldia
inata teria feito com que eu seguisse o caminho oposto, só pela perversa
vontade de “quebrar a norma”, e então todo o esforço teria sido em vão.
Quando
comecei a escrever, ainda sem qualquer pretensão de publicar um livro, acredito
que tenha sido um pouco assustador para os meus pais, mas, como eles já estavam
acostumados com a minha personalidade estranha e com meu envolvimento ainda
mais estranho com o cinema de horror e com o surrealismo, eles aceitaram numa
boa. No entanto, meu primeiro conto, que ficou violentíssimo, causou certo
choque neles, e minha mãe brinca, não sem um fundinho de verdade (talvez com muita verdade!), que ela
chegou a cogitar me levar em um psicólogo por causa do que eu escrevi [risos].
Quanto
se as pessoas me acham diferente por eu ter escrito um livro de terror, é difícil
dizer... Quem vai saber o que se passa na cabeça das outras pessoas? Minha
primeira chefe, quando fui estagiário na Defensoria Pública do Estado do Paraná,
confessou que, ao acessar meu facebook e ver as coisas de terror que eu postava
nele, ficou preocupada e não queria que eu fosse estagiário dela. Por sorte ela
não deixou o preconceito falar mais alto: na entrevista ela gostou de mim e,
com o passar dos dias, gostou também do meu trabalho. Não demorou muito para
ela perceber que minhas preferências artísticas não afetavam em nada meu
profissionalismo, e em pouco tempo nos tornamos grandes amigos, apesar de ela
não gostar nem um pouco de filmes ou livros de terror (até hoje ela não sabe
quem é Stephen King ou Edgar Allan Poe, e nem sonha com a existência de
Lovecraft).
Fora
isso, gosto de acreditar que as pessoas que convivem comigo já estão
familiarizadas com as peculiaridades do meu jeito de ser e que elas respeitam minha
maneira atípica de olhar para a realidade. Contudo, sinto que ainda existe,
sim, um certo distanciamento entre mim e as outras pessoas e que elas me
consideram um pouco “diferente” delas. Mas esse distanciamento não é do tipo
que as afasta de mim por aversão, mas do tipo que gera uma espécie de
compreensão respeitosa por eu encarar o mundo de uma forma diferente das delas.
Mas talvez eu esteja enganado nesse ponto e isso seja apenas fruto da minha
imaginação... Como eu disse, nunca se sabe o que se passa na cabeça das
pessoas.
- Filósofo dos Livros: Um
livro de Horror, obrigatoriamente, precisa causar medo em seus leitores?
- Melvin Menoviks:
Sim! Se não causar medo, ou, pelo menos, não tiver a intenção de causar medo
(pois a percepção do medo varia de leitor para leitor), não será um livro de
horror, mas de outro gênero, como suspense, fantasia ou policial, por exemplo.
O que acontece é que um livro de terror/horror não precisa, necessariamente,
ter o medo como objetivo principal,
como sua razão de ser. O medo pode
ser elemento secundário, mas deve estar presente.
Além
disso, existe uma sutil distinção entre os conceitos de “terror” e “horror”. De
forma simplificada, podemos dizer que o terror tem mais a ver com elementos
sobrenaturais e com a sensação de antecipação de uma emoção forte no leitor
(como quando uma porta vai se abrindo lentamente na escuridão e, aflitos, não
sabemos o que há por trás dela); o horror, por sua vez, é a emoção impactante
propriamente dita, tendo mais relação com a aparição súbita e explícita do
monstro grotesco que estava abrindo a porta para nos assustar com seus olhos
esbugalhados, dentes pontiagudos e cabeça de medusa. Em certo nível, terror e
horror são elementos que caminham juntos para a construção de uma boa história,
assim como ocorre com o mistério e o suspense, na clássica diferenciação feita
por Alfred Hitchcock (no mistério, eu pressinto que algo vai acontecer, mas não
sei o que ou o porquê; no suspense, eu sei que algo vai acontecer e também sei o
que vai acontecer, mas não sei quando ou de que forma, o que deixa meus nervos
à flor da pele).
Embora
todos esses conceitos sejam interessantes e importantes de serem conhecidos, na
prática o que vale mesmo é o efeito que a história tem sobre o leitor. Conceitos
são parâmetros que utilizamos para facilitar a compreensão e a comunicação, mas
nenhuma boa história deve se limitar a eles. A criação pressupõe liberdade, e
sempre podemos inovar, talvez até criar novos conceitos. Romper as barreiras
dos gêneros é uma obrigação do bom escritor.
- Filósofo dos Livros:
Seus personagens são baseados em pessoas reais?
- Melvin Menoviks:
Costumo dizer que meus personagens são pedaços de mim mesmo. Eles são facetas
de minha personalidade que ganham forma por meio da escrita, mas que crescem
com vida própria e seguem seus caminhos bizarros sem a minha interferência.
Embora
eu os tenha criado, é impossível afirmar com precisão o que são os personagens:
eles são partes de mim, mas também são seres autônomos; eles saem de palavras
sobre o papel, mas também são inteiramente reais; eles representam a maldade
que há nos seres humanos, mas também a inocência que habita em seus corações;
eles são criaturas exageradas e fictícias, mas também símbolos para a própria
realidade... O que mais me fascina neles é justamente essa contradição que os
constitui enquanto seres multifacetados, que não sei de onde vêm nem para onde
vão. Eles são entidades maiores do que eu mesmo e que eu mesmo não compreendo
por completo.
Para
dizer em forma de enigma, digo que os personagens são espelhos – espelhos
distorcidos e cobertos por sombras e névoas, mas, ainda assim, espelhos. Você
vê neles o que há dentro de você. E não se preocupe se neles você encontrar
perversidade, loucura e crueldade: isso tudo existe no ser humano. É importante
conhecer o mal para ser não devorado por ele. Será que um monstro sabe que é um
monstro? Será que sabemos do que somos capazes? Seríamos, todos nós, monstros
disfarçados de seres pensantes e benevolentes?
A
despeito dessa importância que confiro aos personagens, o que eu procuro criar
nos contos, mais do que personagens interessantes, são atmosferas próprias e
diferenciadas que transmitam emoções e sensações intensas ao leitor. Nesse
contexto, os personagens são elementos necessários para a construção dessa
“atmosfera”, e não apenas objetos que se exaurem em si mesmos.
Assim
sendo, todos os personagens são baseados nas pessoas reais, mas cobertos pelo
véu da fantasia.
Se
pararmos para pensar bem no assunto, veremos que toda ficção é real, em certo
nível. Stephen King mesmo já disse, no prefácio de algum de seus milhares de livros
(acho que foi no “A Dança da Morte”, mas não tenho certeza), que “a ficção é a
verdade dentro da mentira”. E ele está absolutamente certo.
- Filósofo dos Livros: Ao
escrever um livro, como é o seu processo de criação? Você tem algum ritual?
Costuma se isolar das pessoas? Existe algo que lhe atrapalha?
- Melvin Menoviks: O
processo de criação varia bastante de conto para conto. Como sou propenso à
experimentação, acabo sempre buscando maneiras novas de trabalhar. Além disso,
cada conto tem sua vida própria e, ainda que eu me imponha algumas regras e
limites na hora de escrever, é o conto que comanda o curso que ele vai seguir
para ganhar a luz. Eu apenas escrevo e tento pavimentar esse caminho – às vezes
com facilidade, às vezes na base da violência, tendo de remover de modo
enérgico os obstáculos que surgem pela frente.
Como
não escrevo por dinheiro, tenho liberdade para escrever no meu próprio ritmo e
sobre o que bem entendo. Isso é bom por um lado, pois me dá a tranquilidade
necessária para escrever apenas o que eu sinto que tem algum valor considerável,
mas, por outro, provoca a tentação da preguiça e a do comodismo – tentações
contra as quais luto com frequência, quase sempre com sucesso.
Quando
estou no processo de construção de um conto, entrego-me totalmente a ele, de
corpo, mente e alma. Para isso, temporariamente minha existência tem um único
propósito: escrever o melhor conto de que sou capaz, custe o que custar. Não me
satisfaço com resultados medianos e prefiro levar dez anos para escrever duas
páginas realmente boas do que escrever dúzias de romances insossos em período
menor. Minha forma de proceder, nesse caso, é minuciosa e quase artesanal.
Escolho palavra por palavra, sempre atento ao significado, ao ritmo, à
sonoridade e à vibração emocional que cada escolha provocará no resultado
final. Nem sempre consigo o melhor resultado, e a perfeição é algo inatingível,
mas só coloco o ponto final quando estou convencido de que fiz o melhor de que
eu era capaz. É claro que existem pessoas que escrevem com maior qualidade do
que eu agindo com bem mais displicência (estilo, dom e esforço são variáveis
muito grandes de pessoa para pessoa), mas busco ser honesto comigo mesmo para
criar o máximo e o melhor que consigo, sem me comparar com os demais, a não ser
para encontrar boas influências.
- Filósofo dos Livros:
Inspiração é algo que acontece naturalmente ou o escritor tem o poder de
criá-la?
- Melvin Menoviks:
Sobre inspiração, só tenho a citar as sábias palavras de Pablo Picasso: “a
inspiração existe, mas precisa te encontrar trabalhando”. No meu caso, tudo me
inspira, se eu estiver no estado de espírito certo: filmes, livros, músicas,
imagens, esculturas, o próprio cotidiano, tudo isso tem algo a nos dizer, se
soubermos captar a mensagem. Mas, para captar a mensagem, temos de estar
atentos, e a verdadeira inspiração só aparecerá quando estivermos trabalhando, seja
para compreender as mensagens, seja para construir nossas próprias mensagens.
Trabalho
e inspiração, assim como técnica e vontade, não são coisas separadas e
antagônicas, mas partes complementares para a boa escrita criativa. Se você tem
um objetivo bem definido em mente e trabalha para alcança-lo, tudo é
inspiração. “O universo conspira a seu favor”, igualzinho dizem os livros de autoajuda.
- Filósofo dos Livros: No
Brasil, é possível que um escritor viva a partir de seu trabalho ou ele sempre
terá que exercer uma atividade paralela para seu sustento?
- Melvin Menoviks: Não
conheço nenhum escritor no Brasil que consiga viver só da venda de seus livros,
e, se esses escritores existem, eu estou longe de ser um deles. Que eu saiba,
há pessoas que ganham fama em outras áreas (como, por exemplo, jornalismo,
televisão, blogs, etc.) e depois publicam livros e ganham dinheiro com eles.
Agora, alguém que ganhe muito dinheiro sendo “só” escritor, isso, infelizmente,
não existe no Brasil.
Parece-me
que li em algum lugar que até hoje só existiram duas pessoas que conseguiram
viver “só” de literatura no Brasil (Jorge Amado e Paulo Coelho), mas não estou
certo dessa informação. Tomara que ela esteja errada! Para falar a verdade,
nunca procurei saber sobre a renda dos autores de uma forma geral. Espero que a
conjuntura tenha mudado e que eu esteja enganado em acreditar que não existam
pessoas ganhando bastante dinheiro com literatura.
Seja
como for, há muita gente por aí que merece ganhar bem mais pelo trabalho
literário que faz...
(Observação:
eventuais escritores iniciantes que estejam lendo essa entrevista, isso não
significa que vocês tenham o direito de desistir!!!).
- Filósofo dos Livros:
Qual é o seu conhecimento a respeito do atual mercado literário?
- Melvin Menoviks:
Confesso que não tenho um conhecimento muito grande do assunto, mas sei que ele
está crescendo. As novas tecnologias e a popularização das redes sociais estão
favorecendo a comunicação entre os leitores e, consequentemente, gerando novos
leitores. O problema é que o mercado literário brasileiro ainda está dominado
por obras estrangeiras (que, em sua grande maioria, são feitas por equipes
experientes que cuidam de cada mínimo detalhe do livro, não por um único autor
que deve correr atrás de tudo e ainda não ser valorizado por isso, como no
Brasil). Fica difícil concorrer dessa maneira. As imposições do mercado superam
a boa intenção da arte. Por maior que seja o amor de um escritor pelo seu ofício,
a ausência de retribuição financeira é dolorosa, e uma hora cansa. Artista
também precisa se alimentar, se locomover, se vestir – e isso tudo custa
dinheiro. Dinheiro e tempo. E tempo e dinheiro também são necessários para a
criação e para comercialização de um livro (escrever exige investimento, pesquisa,
leitura, esforço, busca por editoras, empenho de marketing, comunicação com
leitores, organização de eventos, etc.). Ainda assim, acredito que, com perseverança,
é possível transpor esse obstáculo, e tenho fé que o mercado literário
brasileiro esteja abrindo espaço para superar suas deficiências históricas.
Procuro fazer minha parte e incentivar as pessoas a fazerem as delas.
- Filósofo dos Livros:
Fale-nos sobre seu livro. Qual é o tipo de terror encontrado nele? Qual seria
seu conto predileto? Por quê?
- Melvin Menoviks: Creio
que uma das melhores definições para o livro foi aquela dada pelo meu amigo-leitor Afonso Luiz Cardoso. Ele disse que “A
Caixa de Natasha e outras histórias de horror” é "uma viagem pelo
sobrenatural e pelo desconhecido através da escuridão da alma humana!". Eu
não poderia dizer melhor. É uma síntese muito precisa.
O
livro aborda desde o terror psicológico sutil até o exagero escatológico de
sangue, tripas e carnificinas. Nos contos, procurei expressar todas as
fantasias sinistras que habitam minha mente inquieta: sombras, sangue,
mistérios, névoas, trevas e vísceras expostas são alguns dos elementos que
permeiam as histórias, sempre voltadas para a loucura, para o fantástico e para
o terror. Procurei, também, criar finais impactantes, que surpreendam o leitor
e arrebatem-lhe o coração. Quero fazer com que os leitores sintam uma facada
certeira no peito.
É
evidente que seria muita prepotência de minha parte achar que todos os leitores
vão olhar para os contos dessa maneira. A verdade é que os contos que escrevo
são para me proporcionar diversão, tanto na criação quanto na leitura
posterior, de forma que não posso esperar que eles sejam mais do que simples
diversão macabra e um entretenimento diferente, pelo menos inusitado.
Desejo
que os leitores fiquem satisfeitos com os mistérios e segredos que encontrarem
nas páginas obscuras de A Caixa de Natasha.
- Filósofo dos Livros:
Seus contos trazem mensagens ou são apenas para entretenimento?
- Melvin Menoviks: Em
essência, os contos são para a diversão e para o deleite, mas espero que por
meio deles eu esteja contribuindo com alguma mensagem relevante. Escrevo os
contos para impactar a psicologia do leitor, para abalá-lo emocionalmente, para
fazê-lo sentir uma forte reação e se surpreender com o que está lendo,
experimentando sensações raras e estranhas. Essa é a meta, mas acredito que
seja impossível alcançá-la sem transmitir alguma mensagem importante. E, às
vezes até de forma involuntária ou inconsciente, acabo conduzindo as histórias
por trajetos repletos de significados e mensagens, ainda que essas mensagens
estejam ocultas e demandem certo esforço do leitor para alcançá-las. Neste
ponto tudo vai depender da interpretação do leitor: de sua história de vida, de
sua personalidade, de seu ânimo e interesse, de seu conhecimento de mundo, de sua
inclinação para a reflexão... É na interpretação que a magia acontece, e aí
está um momento em que o autor não tem nenhum controle sobre o que pode
acontecer. O leitor é o maior responsável pela criação da mensagem de um livro.
Mas,
em resumo, espero de verdade que, com meus contos, eu esteja levando algo de
relevante para a vida das pessoas.
- Filósofo dos Livros: Já
pensou em transformar alguns de seus contos em um romance? Qual seria?
- Melvin Menoviks: Não
tenho interesse nenhum em transformar meus contos em romances. Eles nasceram
para ser contos, e a estrutura de um romance é diferente. Dou total liberdade
para minhas histórias terem o tamanho que for necessário para cumprirem com
seus objetivos, e elas escolhem o que é melhor para elas – duas páginas, três
páginas, quinhentas mil páginas: a escolha é delas. Além do mais, tenho certa aversão
à vã prolixidade dos romances arrastados, desprovidos de conteúdo, e não quero
que meus contos se tornem isso: se uma história pode ser escrita em quinze
páginas, encompridar seu desenvolvimento sem um bom motivo é um crime contra a
paciência do leitor. Além do mais, são poucos os romances longos que me
interessam de verdade. Meu temperamento se presta mais à força da concisão do conto
do que à habitual frivolidade sedutora dos romances. Mas isso é questão
puramente pessoal. Questão de gosto mesmo, nada mais.
E
veja bem: não estou dizendo que todos os romances são frívolos e
desnecessariamente prolixos. Não é isso, de forma alguma! Há muitos romances
fascinantes e geniais espalhados por aí, mas uma boa parte deles não passa de
calhamaços repetitivos e enfadonhos feitos para mero consumo em massa – páginas
e mais páginas como tantas outras que existem por aí: os mesmos personagens, os
mesmos enredos, as mesmas emoções, apenas ligeiras variações... Também não
estou dizendo que eu não leia romances desse tipo. Eu os leio (muitos!), e
encontro grande diversão neles, mas meu maior interesse são os contos e as
novelas, onde a concisão produz um brilho mais memorável e estimula a imaginação
e a reflexão do leitor em detrimento à simples aceitação passiva das palavras
do escritor (“O Homem da Areia”, do E.T.A. Hoffman, por exemplo, é maravilhoso
e dá para ser lido em um só dia, ficando gravado na memória para o resto da
vida; “A Hora e Vez de Augusto Matraga”, do Guimarães Rosa, é uma das melhores
obras de toda a literatura brasileira e não tem mais do que cem páginas; o
mesmo pode ser dito de “O Alienista” e “O Espelho”, ambos do Machado de Assis;
“Notas do Subsolo”, do Dostoiévsky, é uma novela curta e possui mais
profundidade psicológica e filosófica do que qualquer outro livro que eu
conheço; três páginas de Guy de Maupassant valem mais do que trezentas de muitos
romances de fantasia).
É
possível – e muito provável – que eu ainda venha a escrever romances, mas os
contos que já estão prontos, prontos estão. O máximo que talvez possa acontecer
é haver a retomada de algum personagem ou de algum tema, mas com um tratamento
diferente.
- Filósofo dos Livros: Ao
resenhar sua obra “A Caixa de Natasha e outras histórias de Terror”, percebi
traços da Filosofia de Platão e Schopenhauer. Você fez isso intencionalmente?
Curte filosofia? Teve a influência de algum filósofo que eu não tenha captado?
- Melvin Menoviks:
Tenho um leve interesse por filosofia. Tive mais na adolescência, já que agora
estou um pouco distanciado das questões puramente filosóficas. Conheço apenas
superficialmente os pensamentos de Platão e Schopenhauer, mas não nego que eles
– em especial o segundo – tenham exercido influência em minhas reflexões. O
filósofo que mais li até hoje foi Friedrich Nietzsche, e ele tem direta
influência de Schopenhauer, então por isso você deve ter notado os traços da
filosofia dele em alguns de meus contos. Também pode ser que os filmes que vejo
e livros que leio tenham sido impactados pela obra do filósofo citado, de modo
que, por intermédio deles, meus pensamentos se enveredaram por rumo similar.
- Filósofo dos Livros: As
pessoas costumam dizer que fui muito original ao criar um livro cujo teor é o
terror erótico. Entretanto, devo reconhecer que você fez isso antes de mim, por
meio do conto “Obscuros Desejos”. Gostaria que você me falasse um pouco dele.
Como surgiu a ideia de realizar um terror erótico?
- Melvin Menoviks: “Obscuros
Desejos” é um conto que me deu bastante trabalho para ficar pronto. Foi o
segundo conto que mais me perturbou para ser escrito (o primeiro, sem dúvida,
foi “O Amigo Suicida”, que eu quase deixei de publicar por considerá-lo
demasiadamente negro, sob o ponto de vista existencial, e excessivamente
complexo no que se refere ao vocabulário e à sintaxe). Como eu era jovem e
inexperiente na época em que esbocei a ideia de “Obscuros Desejos”, temi que
escrevê-lo pudesse causar algum impacto negativo na minha mente e no
desenvolvimento da minha sexualidade. Felizmente, apesar dos tormentos que ele
representou para mim (cheguei a jogá-lo fora depois de escrever três
parágrafos, vindo a retomá-lo depois de alguns meses), o efeito foi
extremamente benéfico, pois possibilitou que eu trouxesse à luz da consciência
questões que antes pairavam perdidas em uma região confusa da minha psique. É
muito importante que nos arrisquemos nas vielas mais perigosas de nossa mente
para nos compreendermos melhor e para que aceitemos o fato de que as outras
pessoas também têm seus demônios internos.
Considero
a sexualidade um assunto de fundamental importância na vida de qualquer ser
humano. Nossa felicidade está condicionada à satisfação sexual, e a imaginação
está profundamente ligada a questões sexuais. Pessoas inteligentes normalmente
são mais criativas e curiosas nos quesitos sexo, amor e paixão, e o contrário
também costuma ser verdade. Isso não é uma regra, é claro, mas o vínculo
existe. Não explorarmos nossa sexualidade ou sermos proibidos de explorá-la
causa transtornos, traumas, frustrações e todo tipo de distúrbio psicológico
catastrófico. Ao estudar psicanálise compreendemos bem a força das pulsões
sexuais, dos tabus, da ânsia transgressora e da própria inconsciência na vida
das pessoas, e esse é um dos grandes temas do meu livro. Gosto de explorar a
tênue linha que divide a razão da loucura, a realidade dos devaneios. Por isso,
não havia como não abordar a sexualidade, que é o centro disso tudo.
Em “Obscuros
Desejos”, o narrador-personagem passa por pungentes aflições e tormentos
sexuais, mas ele nem sequer sabe o que é sexo. Observe que todas as descrições
dos atos sexuais bizarros relatados pelo personagem são práticas que lhe eram
incompreensíveis, mas atrativas e aterrorizadoras, já que ele vivia recluso em
um porão e nunca teve um ensinamento sobre o que é sexo senão por livros
esquisitos. Ele nunca pôde exercitar sua sexualidade senão por sua alterada
imaginação incitada pelas perversões secretas da Lady Valquíria.
Existe
outra história no livro que trata de tema semelhante, mas com maior sutileza.
Refiro-me ao conto “O Garoto que Pingava Sangue”, onde o complexo desabrochar
da sexualidade de um garoto pré-adolescente é relatado por meio de símbolos e
metáforas sangrentas. Trata-se de um conto bastante freudiano.
- Filósofo dos Livros:
Você está escrevendo algum livro? Tem novos projetos?
- Melvin Menoviks:
Ainda é muito cedo para revelar... Novidades serão divulgadas, no tempo certo,
na página do livro no facebook. O que posso adiantar é que o que virá será
ainda mais assustador e aterrorizante do que o primeiro livro. Preparem-se!
Enquanto isso, recomendo a leitura da antologia “O Corvo: um livro colaborativo”, publicada
pela Editora Empíreo em homenagem aos 170 anos do poema “The Raven”, do Edgar
Allan Poe. Nesse livro colaborei com o conto “Phantasmagoria”, que é um dos
meus preferidos.
- Filósofo dos Livros: As
pessoas procuram livros de terror para sentir medo. Ao escrever seus contos,
você experimenta algum tipo de pavor? Ou tudo é uma grande diversão e você ri
com eles?
- Melvin Menoviks: Sou
bastante suscetível às influências do terror, e isso desde que me entendo por
gente. O terror me provoca medo e fascínio indescritíveis, incomensuráveis.
Escrever histórias de terror significa vivenciar
histórias de terror, explorando o desconhecido em lugares escuros e misteriosos,
onde poucos se atrevem a adentrar. Por isso, sentir medo é condição
indispensável para a transmissão do medo por meio de palavras. Mas isso não
significa que não haja diversão. Muito pelo contrário: o terror também é uma enorme
diversão!
Produzir
literatura é mergulhar em águas profundas onde sentimentos, sensações, emoções
e pensamentos de todas as espécies se misturam, se harmonizam e se chocam em
paradoxos fantásticos, inimagináveis. O medo convive com a diversão, que convive
com a repulsa, que convive com a atração, que convive com a dor, que convive
com o prazer... e assim num espiral infinito, permeado de maravilhas
inenarráveis.
Se
não fosse assim, eu estaria exercendo outra atividade e já teria deixado de
escrever faz tempo.
- Filósofo dos Livros: O
que é preciso para escrever um bom livro de terror? Que elementos não podem
faltar?
- Melvin Menoviks:
Existe apenas uma regra para se escrever um bom livro, independentemente do
gênero. Essa regra é: ser honesto consigo mesmo. Todo o resto não passa de
sugestões que podem ou não funcionar, o que vai variar de pessoa para pessoa. O
fundamental é se manter fiel às suas emoções e trabalhar com afinco para
concretizar o obra. Dar espírito próprio a palavras sobre papel não é tarefa
das mais fáceis.
- Filósofo dos Livros: O
que causa medo em Melvin Menoviks?
- Melvin Menoviks: A
violência na realidade, a mesquinharia e intolerância das pessoas, a falta de
empatia, o tédio no cotidiano, a banalidade, a ausência de imaginação... Esses
são os terrores mais pavorosos que existem, e tenho medo até de falar sobre
eles.
- Filósofo dos Livros: Que
conselhos você daria para os futuros escritores?
- Melvin Menoviks:
Escrevam com amor, sejam fiéis aos seus objetivos, aproveitem ao máximo os
mistérios da existência, aprendam com os obstáculos e, principalmente,
divirtam-se muito! Literatura, como a vida, é uma grande brincadeira! Mas uma
brincadeira que, também como a vida, deve ser levada a sério!
- Filósofo dos Livros: No
Brasil, qual é o seu escritor de terror predileto?
- Melvin Menoviks: Vim
a conhecer os trabalhos dos escritores de terror nacionais apenas de um ano
para cá, e bem nesse período eu tive que diminuir o ritmo de minhas leituras em
razão das obrigações que venho tendo na faculdade e no estágio. Mesmo com o
escasso tempo que me restou para ler ficção, conheci um pouco do Cesar Bravo,
do Everaldo Rodrigues, do Lucas Dallas, do Rubens Pereira Júnior, do Márcio Benjamin
e do Clayton de La Vie, dentre outros. Agora vou conhecer seu livro e o do Paul
Richard Ugo. Todos esses autores são excelentes e eu recomendo a leitura, mas
ainda preciso de tempo para ler mais de suas obras. Fico muito animado com esse
boom de bons autores. No próximo ano
espero ter mais tempo para conhecê-los a fundo, e pretendo ir fazendo resenhas
de seus livros no meu blog e no facebook.
Há
um caso especial no Brasil que é o do Rubens Francisco Lucchetti. Ele é um
verdadeiro mestre e tenho profundo respeito tanto pela obra quanto pela
personalidade dele. Ele é um ser humano fantástico e eu tive a enorme honra de
entrevistá-lo para o meu blog. Elogios são dispensáveis, nessa altura, para
essa verdadeira lenda viva da pulp
fiction brasileira. Seus livros são leituras obrigatórias para qualquer
brasileiro, e não tenho dúvidas de que seu nome entrará para a história de nossa
literatura, se é que já não entrou.
Posso
mencionar, ainda, os clássicos (“Flor, telefone, moça”, de Carlos
Drummond de Andrade; “Demônios”, de Aluísio Azevedo; “Noite na Taverna”, de
Álvares de Azevedo, por exemplo), e, se pudermos classificá-lo como pertencente
ao gênero “terror”, o poeta Augusto dos Anjos, que é um gênio ímpar da poesia.
Ah,
e eu quase ia me esquecendo do Camilo Prado, que possui raro talento para a
literatura heterodoxa e cujo apaixonado trabalho editorial não encontra
paralelos em terras nacionais. O trabalho dele, tanto de escritor quanto de
editor na singularíssima Editora Nephelibata, é verdadeiramente extraordinário.
- Filósofo dos Livros: Há
um grande preconceito em relação aos autores nacionais. O que se pode fazer
para acabar com isso?
- Melvin Menoviks: O
que podemos fazer para acabar com o preconceito em relação aos autores
nacionais? A resposta para isso você sabe melhor do que eu: comprar seus
livros, lê-los, avaliá-los e recomendá-los amplamente. Comentar suas obras nas
redes sociais, curtir suas páginas, seguir seus blogs, conversar com eles, enfim,
participar ativamente nos círculos literários sempre ajuda. O trabalho de
blogueiros e booktubers tem papel imprescindível nisso tudo. Aliás, devo
enfatizar que vocês estão de parabéns no trabalho que fazem! Vocês têm minha
total admiração e meu total apoio.
- Filósofo dos Livros:
Como é o seu cotidiano? Você lê bastante? Pratica esporte? Exerce alguma
atividade religiosa? Conte para nós.
- Melvin Menoviks: Meu
cotidiano é bastante simples. Vou ao estágio, à faculdade, ouço música, vejo
filmes, leio livros, procuro me divertir... Sou um ser humano dos mais comuns.
Não
pratico esporte porque não gosto, mas deveria pelo menos caminhar um pouco mais
e levantar alguns pesos. Embora seja batizado na igreja católica, não sigo
nenhuma religião doutrinária, mas me considero uma pessoa profundamente
religiosa à minha maneira. Tenho meus modos particulares de entrar em contato
com o que chamo de divindade, mas esse é um assunto complicado que requer mais
explicações do que sou capaz de fornecer nesta curta resposta. Cada pessoa tem
um conceito diferente de “Deus” e de “religião” em suas cabeças, e, dependendo
do conceito de cada pessoa, eu posso ser extremamente religioso, posso ser ateu
ou até um adorador de Satã. Não me classifico nesse quesito, porque a
classificação vai depender da interpretação de cada pessoa. Tenho minha própria
religiosidade, e se quiserem colocar rótulos nela, que o façam, mas não contem
comigo. Para mim é muito simples: nomes não importam, o que importa é a
essência das coisas. Sou católico, ateu e satanista de uma só vez!
- Filósofo dos Livros:
Quem é Melvin Menoviks? Como você se define?
- Melvin Menoviks:
Para me definir, teria de me dividir em dois: um ser que observa e um ser que é
observado. Mas, se fizesse isso, eu não seria mais eu. Assim, não me defino.
Ninguém pode se definir. Aprendi isso com o cineasta surrealista Alejandro Jodorowsky, e esse ensinamento vem evitando que eu imponha desnecessários limites à expansão da minha personalidade.
Minhas
características as pessoas vão conhecendo ao entrar em contato comigo e com as
coisas que eu faço. Só assim elas vão me conhecer de verdade, se estiverem
dispostas para tal. Minha vida é um livro aberto, mas requer boa vontade para
compreendê-lo.
De
qualquer forma, para não deixar a pergunta sem resposta, a melhor definição que
posso encontrar para mim é a seguinte: sou um sujeito simples, mas com algumas
esquisitices, que ama a ficção de terror e ama brincar de criar pesadelos
obscuros por meio das palavras. Em resumo, esse é Melvin Menoviks.
- Filósofo dos Livros:
Para finalizar, deixe uma mensagem para nossos leitores.
- Melvin Menoviks:
Fico muito agradecido e honrado por vocês terem dedicado um pouco do tempo de
vocês para conhecer mais sobre mim. Continuem ligados no blog do Fernando Nery,
porque esse cara é muito gente boa e tem um amor inesgotável pela literatura
brasileira contemporânea! Contribuirei com ele sempre que possível (quem sabe
com algum sorteio?).
- Filósofo dos Livros: Foi
um prazer enorme tê-lo entrevistado. Muito Obrigado.
- Melvin Menoviks: Fernando, sou um
grande admirador de sua dedicação à literatura e de seu trabalho para
disseminá-la por todos os cantos. Recebi com entusiasmo o convite para a
entrevista e até agora me sinto agraciado pelo seu apoio ao meu trabalho. Sempre
estarei. Não sou muito bom em agradecimentos, mas receba minha sincera gratidão
e tenha sempre meu respeito. Avante ao Filósofo dos Livros!
Clique aqui para adquirir um exemplar autografado de A Caixa de Natasha e outras histórias de horror!
***
Clique aqui para adquirir um exemplar autografado de A Caixa de Natasha e outras histórias de horror!
Excelente e de ótimo nível este entrevista. Estou grato pela citação de meu livro!
ResponderExcluirFico feliz que tenha gostado, Paul! Sua presença aqui no blog é de grande importância para mim
Excluir