sábado, 23 de novembro de 2019

10 LIVROS INCRIVELMENTE BONS, MAS INCRIVELMENTE POUCO COMENTADOS – Parte 2


No ano passado, publiquei aqui no blog uma lista com 10 livros que eu considero extremamente bons, mas que, por motivos variados que vão desde falta de publicidade no momento do lançamento até eventual ofuscamento por alguma obra mais chamativa que lhes tenha eclipsado os méritos, não recebem a atenção devida por parte do público ou até da crítica. Como a lista foi bem recepcionada – e como senti que eu fui injusto em ter deixado de incluir alguns títulos específicos , decidi repetir a dose e, neste ano, comentar sobre mais 10 livros que tenham me impressionado mais do que a média e sobre os quais não percebo tanta gente comentando ou sequer desfrutando das características que os tornam especiais.

Para ter acesso à primeira lista, clique aqui.

Obs.: O leitor pode estranhar a ausência de livros de terror nesta lista. Informo que isso foi deliberado. Pretendo publicar uma lista especial com 13 livros de terror e literatura fantástica daqui a algumas semanas. Preparem-se!

KILL ALL ENEMIES, de Melvin Burgess
Aqui está um livro que, se fizermos uma análise bem metódica, não tem nada de demais. Bons personagens, boa história, boa narração, mas nenhum elemento que, sozinho, seja capaz de colocar Kill All Enemies em alguma lista de melhores livros do que quer que seja. No entanto, tudo funciona tão bem nesse romance que, magicamente, sem que consigamos entender bem de onde vem tamanha força, ele nos cativa de um modo tão gostoso que fica difícil, nos capítulos finais, deixar de incluí-lo em pelo menos alguma lista de "best of", ainda que seja uma lista pouco rigorosa com critérios totalmente pessoais (que são as melhores listas, diga-se de passagem).

Vamos ao que interessa: Kill All Enemieis, rápido e fácil de ler, retrata a história de três adolescentes que, cada qual à sua maneira, não se encaixam no mundo a suas voltas. Eles sofrem, se desesperam, fazem burrices, se arrependem, erram, apanham, erram de novo, tornam a apanhar, mas seguem vivendo, ainda que em meio às tristezas, aos confrontos do cotidiano, às fraquezas da juventude e às hipocrisias do mundo dos adultos. Acima de tudo, nesses jovens sempre há uma força de vontade, uma coragem e uma generosidade nas quais (quase) ninguém acredita e que nem eles mesmos reconhecem em si, mas que os impulsionam a seguir em frente e a ter esperança, mesmo quando esperança é uma palavra que parece não fazer sentido nenhum. Mais do que isso, o livro também é a história viva dos pais, das escolas, dos educadores e de todos os problemas de comunicação e entendimento que inevitavelmente surgem entre todas essas pessoas e instituições. É, enfim, a história de todos nós.

De verdade, eu não conheço uma única pessoa que não sairia intensamente revigorada para a vida com a leitura desse livro. Afinal, quem nunca se sentiu desajustado e incompreendido, como se não tivesse sido desenhado para o mundo como ele é, com suas normas, padrões, ritmos e imposições, seja na adolescência, seja na vida adulta? Se você nunca sentiu isso, provavelmente há algo de muito errado com você.

Como disse certa vez um crítico, “Kill All Enemies é um livro para filhos, pais e todo mundo que estiver disposto a ler uma história bela e emocionante. É um romance sobre a condição humana, na qual, apesar da solidão, do desespero e do abandono, há sempre uma porta luminosa aberta para a esperança”. E tudo isso sem ingenuidade ou exagerado idealismo.

UMA MENINA ESTÁ PERDIDA NO SEU SÉCULO À PROCURA DO PAI, de Gonçalo M. Tavares
Para mim, o escritor mais original dos nossos dias é, sem a menor sombra de dúvida, Gonçalo M. Tavares. Tão original, dono de uma voz tão única, que é difícil dizer qualquer coisa a respeito desse português amalucado que faça jus ao seu talento. É impressionante, acima de tudo, como ele não cessa de surpreender o leitor e levá-lo a pensar (e imaginar, e sonhar...!) de formas que nunca antes havia pensado. Ler seus livros, adentrar no domínio do que ele é capaz de fazer com as palavras, é como tomar uma droga benévola que realmente abra as portas da percepção sem causar alucinações que distorçam a razão.

Gonçalo M. Tavares, um dos poucos escritores vivos e em atividade que eu reverencio como se já fosse um clássico, é um desses sujeitos que dão bananas para as uniformidades normativas do mundo moderno e se põem a fazer literatura de verdade, arte radicalmente pessoal.

Rompendo toda a lógica concebível para criar um mundo de devaneios com uma lógica cem por cento particular – íntima em natureza, mas universal em alcance –, Gonçalo M. Tavares, desde seu primeiro livro, está usando seu estilo inimitável, com originalidade que evoca os grandes nomes da literatura mundial, como Borges ou Kafka, para criar um corpo de obra incomum, que transcende qualquer classificação, mas que ainda assim permanece estranhamente coeso: eu diria que tavarianamente coeso, por falta de palavra melhor.

Uma menina está perdida no seu século à procura do pai é, provavelmente, seu livro mais acessível, e constitui a melhor porta de entrada que eu conheço para esse universo novo que, uma vez que nele se entre, não é mais possível imaginar o mundo sem sua existência.

ENQUANTO A NOITE NÃO CHEGA, de Josué Guimarães
Um romance curto, quase uma novela, que conseguiu tirar lágrimas dos meus olhos (e garanto que eu não sou um leitor sentimentaloide). Enquanto a Noite não Chega é a história tocante, com leves ecos de fantasia sobrenatural a embalar uma realidade agridoce, de uma cidade abandonada na qual os últimos moradores são um casal de velhinhos e um coveiro que mantém duas sepulturas abertas à espera de que os dois morram e ele possa ir embora para outro lugar. Nesse ambiente de desolada decrepitude, os velhinhos relembram o passado, em toda sua glória e pesar, e, já conformados há anos, se preparam para o único futuro possível, esperando reencontrar aqueles que amam. E é aí que o inesperado acontece...

Sempre com um clima intimista permeado de suave poesia, Enquanto a Noite não Chega surpreende o leitor por não se apressar no ritmo, mantendo do começo ao fim a cadência certa para atingir os sentimentos mais delicados, envolvendo-nos de alma e coração na história de seus personagens. Esses personagens, por sua vez, apesar de estarem à beira da morte, adquirem tal vivacidade na imaginação de quem lê que chegamos a ter empatia pelo casal de idosos como se eles fossem nossos próprios pais envelhecidos, nossos avós esquecidos ou, ao menos, aquelas pessoas que esperam abandonadas e sem esperança em algum asilo próximo. E é exatamente por isso que esse livro, embora simples em trama e estrutura, consegue ser tão memorável, pois faz aquilo que é a função máxima da poesia: revelar realidades que não vemos, abrir os olhos dos sentimentos a vivências para as quais éramos cegos até então, possibilitando que nos coloquemos no lugar do outro, nas experiências do outro, sentindo as dores reais que, muitas vezes, preferimos esquecer ou fingir que não existem.

Ao fazer da sutileza narrativa a mais poderosa arma para atingir a compadecida melancolia do leitor, Josué Guimarães demonstra uma habilidade literária segura de si mesma como poucas vezes se encontra em qualquer livro de qualquer época ou lugar.

O ESTRANHO CASO DO CACHORRO MORTO, de Mark Haddon
O Estranho Caso do Cachorro Morto é uma história de mistério como nenhuma outra. Isso porque o detetive, que também é o narrador, é um menino de quinze anos com síndrome de Asperger: um garoto peculiar que sabe muito de matemática, mas nada de relacionamentos humanos.

Tão divertido quanto triste, O Estranho Caso do Cachorro Morto é uma imersão detalhada na realidade de alguém cuja mente é muito diferente das da maioria das pessoas. Christopher Boone, o pequeno narrador, não entende os valores humanos, o comportamento da pessoas, nem sequer os sentimentos de seus próprios pais. Por essa razão, não gosta de literatura, pois não se sente vinculado a ela, exceto nos casos dos livros de detetives, que são mais racionais do que sentimentais, em especial aqueles que são frios e calculistas como um Sherlock Holmes.

Inspirado por essas histórias, o pequeno Boone decide investigar a morte do cachorro de uma vizinha sua. Nessa jornada, acompanhamos de coração apertado os ingênuos passos do garoto, que consegue fazer deduções incríveis a partir de pequenos detalhes objetivos mas que nunca consegue enxergar motivações subjetivas, mesmo quando elas estão escancaradas na frente de seu nariz. Assim, por seus próprios meios, Boone vai desvendando o mistério da morte do cachorro – e nós, leitores, vamos desvendando as engrenagens da mente do garoto enquanto ele aprende a lidar com um mundo para o qual ele não parece ter sido criado.

Formidável exercício de reconhecimento das diferentes formas que um cérebro pode funcionar – e, portanto, de conscientização e até de auto-análise –, O Estranho Caso do Cachorro Morto é um trabalho muito bem construído, e perceptivelmente bem embasado, que vai além da mera informação sobre o que é ser um Asperger para nos colocar de fato na pele de alguém com essa característica (a qual não é uma doença, mas apenas uma configuração diferente na predisposição do cérebro para enxergar o mundo e as pessoas).

O CONTO DA ILHA DESCONHECIDA, de José Saramago
Eu não sou grande fã do Saramago, mas esse O Conto da Ilha Desconhecida é uma obra-prima imediatamente reconhecível como tal que merece não menos do que todos os aplausos, méritos e laureamentos.

Certa vez, entrei na livraria para ler alguma coisa rápida e já devolver na estante, porque eu estava com pouco dinheiro para gastar. Selecionei meio que a esmo O Conto da Ilha Desconhecida, sentei numa poltrona confortável e comecei a ler. Uma hora e meia depois, com o corpo inteiro literalmente arrepiado, já com a leitura concluída, levantei magnetizado pelo que acabara de ler e fui direto ao caixa: o exemplar estava bem mais caro do que deveria custar um livro de 64 páginas, mas eu não reclamei nem um segundo sequer, e até hoje não me arrependo da compra.

Não se deve comentar muito sobre uma história tão curta antes que a pessoa a leia, pois boa parte da força de um conto está no ineditismo de sua abordagem e na surpresa do tema central (indico, aliás, que o leitor interessado não entre em contato com resenhas nem sinopses antes de provar o sublime material original). Só digo que, sendo kafkiano, esse pequeno texto do Saramago está acima de qualquer coisa que Kafka já tenha escrito.

A HISTÓRIA DA SUA VIDA E OUTROS CONTOS, de Ted Chiang
Aqui está o mais alto que a ficção científica pode chegar. Ted Chiang atingiu algo de supremo em seus contos, sendo que cada um deles é capaz de abrir a mente e o coração do leitor para uma compreensão mais profunda, bela e útil da realidade. Temos, aqui, racionalidade não desprovida de humanidade, e uma visão otimista não destituída de lucidez racional, muitas vezes até de rigor matemático.

Para uma pequena amostra da obra do Ted Chiang, que mescla com maestria filosofia, linguística, psicologia, matemática, ciência e fantasia – e tudo isso de modo plenamente acessível, mas sempre com profundidade infinita –, clique aqui.

O CONCORRENTE, de Richard Bachman
Caí nas páginas deste livro sendo atraído pelo fato de ele ter sido a inspiração – distante, muito distante – para o filme "O Sobrevivente" ("The Running Man", 1987), com o Arnold Schwarzenegger: uma ficção científica trash dos anos 80 que tem de diversão o triplo do que tem de cafonice. Essa porrada do Stephen King, aqui escrevendo sob o pseudônimo Richard Bachman, embora não tenha mais semelhanças com o filme do Schwarzenegger do que o fato de se passar em um futuro próximo no qual existe um jogo de vida ou morte exibido na televisão (como um precursor de "Battle Royale" e "Jogos Vorazes"), é uma corrida desenfreada de pura adrenalina e ação. Diz a lenda que o titio King escreveu essa belezinha inteira em apenas 72 horas. E eu digo que, apesar de o livro não ser tão curto, é possível ler em um sexto desse tempo.

Sinopse: "No ano de 2025 de Bachman, a TV domina os lares americanos, entorpecentes são vendidos em máquinas automáticas e ar puro é privilégio de poucos. Trata-se de um mundo onde um jogo chamado Matabol é brincadeira de criança e a desgraça alheia é a maior diversão. Na telinha, uma volta à Roma dos gladiadores, com milhões de telespectadores sedentos por sangue levando os índices de audiência às alturas. É nessa arena futurista que desembarca Ben Richards, um desempregado disposto a qualquer sacrifício para salvar a vida da filha. Sua última tentativa é participar do programa 'O Foragido', disputa da qual ninguém conseguiu sair vivo até então".

SE UM VIAJANTE NUMA NOITE DE INVERNO, de Italo Calvino
Italo Calvino foi, sem dúvida, um dos escritores mais importantes do século XX. Tenho para mim que, se nas últimas décadas existiu um autor de ficção destinado a se tornar clássico absoluto pelos séculos vindouros, desses a serem estudados a fundo e a nunca mais serem esquecidos em razão de suas inventividades construtivas e genialidades acima de qualquer parâmetro, esse autor certamente é Italo Calvino. A criatividade admirável em lidar com as formas literárias de maneiras cada vez mais inusitadas, produzindo livros a um só tempo genuinamente pessoais e essencialmente experimentais, mas sem nunca deixar que esse experimentalismo prejudique a qualidade quer da escrita, quer da trama, quer do prazer de se ler um bom romance, fazem de Italo Calvino um tesouro único da literatura mundial. A perceptível sinceridade de suas palavras (coisa rara entre os pós-modernos!), a naturalidade com que ele brinca com os recursos narrativos e a paixão pela escrita que transparece em cada um de seus parágrafos são elementos que, por si só, já colocariam o autor entre os "must read" de qualquer leitor. Somando a tudo isso um conhecimento fora do comum da literatura, tanto do seu tempo quanto dos antepassados, e uma consciência ainda maior sobre os limites e objetivos dessa arte no mundo contemporâneo – o que faz dele um artesão das palavras que alia vanguardismo de alto nível com a pura e simples alegria da leitura , temos um autor que é mais do que obrigatório: é um deleite a cada página.

Embora Se um Viajante não seja seu melhor livro (este privilégio permanece com o imbatível "Cidades Invisíveis", que é um dos melhores livros já escritos em qualquer tempo ou lugar e que com toda certeza está entre os cinco livros mais importantes da minha vida), essa divertida maluquice metalinguística que tem o Leitor – isso mesmo, o próprio leitor – como personagem principal em um labirinto de livros e histórias mirabolantes é algo a não ser perdido. É ler pra crer!

Sinopse da editora: "Este romance que está em suas mãos é uma obra-prima de engenhosidade, humor e inteligência. Ele contém histórias de amor, suspense, conflito, mistério, erotismo, filosofia, guerra e realismo fantástico. É um daqueles livros que mantêm viva a expectativa criada desde o início e que obrigam o leitor a continuar a leitura na busca da satisfação plena do fim. Mas cuidado, leitor amigo: estes trezentos gramas de papel impresso podem ser traiçoeiros, levá-lo por caminhos angustiantes e deixá-lo com grandes frustrações. São como um campo minado: avance atento, perceba o jogo de espelhos e fique de olho nos detalhes para conseguir chegar ao gozo final".  

CARTAS DE UM DIABO A SEU APRENDIZ, de C. S. Lewis
C. S. Lewis conseguiu uma façanha notável: escrever um livro de alto teor moral e religioso sem soar como um padre pregando um sermão. Não interprete errado: apesar de ser um livro com forte conteúdo teológico, não é necessário que o leitor siga qualquer religião para que dele extraia reflexões riquíssimas, e estou certo de que até mesmo os ateus sairiam com um sorriso no rosto de plena satisfação com as lições obtidas na leitura desse volume.

Ao escolher um diabo experiente como condutor das epístolas que compõem a obra, C. S. Lewis pôde olhar o comportamento humano pelo "outro lado", revelando, assim, todas as nossas fraquezas e tudo aquilo que fazemos de mal, de torpe, de vicioso, de insensato e de anti-empático sem perceber. Se um típico livro moralista, de forma sisuda, nos diz o que devemos fazer, mas não nos instruí a como fazer (ou, quando o faz, expõe tudo de modo muito dogmático, limitando nossas ações e, consequentemente, nos irritando), as Cartas de um Diabo nos mostram o que não devemos fazer, e, com isso, acabam abrindo todo um campo de amplo horizonte para o que podemos fazer, sem dogmatismos, sem fixações, sem os fanatismos típicos dos muito religiosos.

É com todo esse discernimento perspicaz amparado por um bom-humor irônico, irreverente e astuto que C. S. Lewis garante ao leitor lições valiosas que não são apenas palavras bonitas para se usar em epígrafes e citações, mas, em verdade, ideias que nos abrem a mente e nos fornecem caminho seguro para conduzir a vida com muito mais sensatez, prazer e jovialidade.

VÍCIO INERENTE, de Thomas Pynchon
Apesar de este livro ter dado origem a um filme cult do Paul Thomas Anderson (que eu, pessoalmente, acho chato demais, embora a caracterização dos personagens esteja impagável), a fonte original me parece um pouco negligenciada, pelo menos entre as pessoas com quem convivo.

Tudo bem que o Thomas Pynchon tenha a fama (merecida) de ser um escritor difícil, incompreensível, ilegível, túrgido, verborrágico e tudo o mais, mas esse livro, em particular, é bastante acessível e, o que é mais importante, divertidíssimo (em algumas passagens eu cheguei a chorar de rir!). Imprevisível na condução da trama com seus personagens deliciosamente excêntricos e impossível de parar de ler, Vício Inerente é, antes de tudo, uma imersão funda na realidade de um detetive maconheiro e gente boa dos anos 60.

O personagem principal, Doc Sportello, é uma espécie de Philip Marlowe depois de uma maratona de maconha e LSD. Num clima de florida paranoia, constantemente perseguido pelo seu arqui-inimigo Pé-Grande Bjornsen, tenente de polícia durão com uma aversão raivosa por toda a contracultura, como uma espécie de Coiote e Papa-Léguas num mundo de hippies vs. policiais conservadores, Sportello investiga o sumiço de um poderoso barão do mercado imobiliário, desaparecimento este que talvez seja parte de uma conspiração maior envolvendo surfistas, traficantes, contrabandistas, policiais corruptos e a temível entidade conhecida como Presa Dourada, que pode ou não ser um golpe de evasão fiscal bolado por um grupo de dentistas.

Cada curva na investigação de Sportello abre possibilidade para uma nova conspiração, e cada conspiração vai se interligando com as demais, num emaranhado de suspeitas, traições e reviravoltas que podem ou não ser reais, a depender do flutuante estado mental do nosso detetive.

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