sábado, 10 de março de 2018

Os 13 melhores filmes do mundo – Parte 4


Sim, mais uma lista! E uma lista com as mesmas regras das outras três já publicadas aqui no blog: despretensiosa, sincera e muito pessoal. Nada de filmes escolhidos só porque são considerados "filmes obrigatórios", desses que aparecem em todas as listas pela internet afora. Nada de filmes citados apenas por vaidade ou por tentativa forçada de fazer com que meu gosto pessoal se enquadre em um ou outro estilo ou grupo pré-definido. São, apenas, filmes bons, extraordinários, consistentes, que me marcaram de uma maneira muito profunda. Filmes que, no que se propõem a entregar para o espectador, são os que eu considero os mais bem-sucedidos.

Além da lista abaixo (que está em ordem alfabética de acordo com os títulos nacionais, e não de preferência), recomendo a leitura das três primeiras partes da minha lista-fetiche de filmes favoritos: Parte 1; Parte 2Parte 3; e um bônus: os cinco filmes que mais me perturbaram!

E lá vamos nós!

0 A DANÇA DA REALIDADE (La Danza de la Realidad, 2013)

Nessa belíssima autobiografia imaginária, Jodorowsky, que havia passado 23 anos sem gravar nenhum filme, mostra novamente por que é um dos maiores cineastas de todos os tempos. Bem mais contido do que na época de seus clássicos El Topo e A Montanha Sagrada, mas ainda com uma veia surrealista inigualável e uma sensibilidade mística inimitável, Jodorowsky gravou aquele que é seu filme mais pessoal até então, reconstruindo sua infância com poesia e livre imaginação à semelhança do que Fellini já havia feito no maravilhoso Amarcord. Dizer que Jodorowsky está no patamar dos melhores artistas de todos os tempos já é, a essa altura, uma redundância.


02  A GENERAL (The General, 1926)

Quando eu fui assistir aos filmes do Buster Keaton pela primeira vez, por indicação de um amigo, eu esperava encontrar filmes ligeiramente divertidos, mas monótonos e nada espetaculares, já que se tratam de filmes muito antigos, da época ainda do cinema mudo. Qual não foi a minha surpresa quando eu me deparei com alguns dos filmes mais sensacionais e engraçados que eu já vi até hoje! Filmes ágeis, estonteantemente criativos, com peripécias e audácias físicas que antecipam em mais de meio século as do Jackie Chan! Assistir a um filme do gênio Buster Keaton (gênio na agilidade física, gênio na imaginação, gênio no humor e gênio no cinema) é como assistir a um desenho animado do Pica-Pau ou do Papa-Léguas, só que tudo feito de verdade, na prática, e criado décadas antes desses desenhos! É impressionante como, nos primórdios da produção audiovisual, alguém já entendia tão bem o que realmente é cinema e tinha um domínio tão grande dessa arte nada simplória. O ritmo de alguns filmes do Buster Keaton, em especial de A General, é frenético até para os parâmetros dos dias de hoje! A General é o Mad Max da década de 20!


03  A HORA DO PESADELO (A Nightmare on Elm Street, 1984)

Não consigo entender por que eu não havia mencionado esse filme nas minhas listas anteriores; talvez seja porque ele sempre tenha sido uma escolha tão óbvia que eu acabei achando desnecessária a indicação. A Hora do Pesadelo é um dos filmes que mais marcaram a minha infância, e praticamente todos os sete filmes da série são excelentes! Bastam duas palavras para justificar A Hora do Pesadelo como um dos melhores filmes já feitos: Freddy Krueger!


04 – CORPO FECHADO (Unbreakable, 2001)

Sei lá por que eu gosto tanto desse filme. Só sei que eu o considero o melhor do  M. Night Shyamalan (o que não é pouca coisa!) e um perfeito exemplo de filme gostoso de se assistir de modo ocasional numa noite de domingo, tornando o início da semana muito mais agradável.


05 – GATTACA – EXPERIÊNCIA GENÉTICA (Gattaca, 1997)

Neo-noir futurista com um roteiro impecável e uma mensagem de valor humano que me tocou pra valer.


06 – HAUSU (Idem, 1977)

Quem me dera eu soubesse transmitir em palavras qualquer coisa desse filme! Cômico, delirante, lisérgico, cartunesco, experimental e inspiradíssimo são algumas das insuficientes palavras que podemos usar para descrever essa obra-prima. Hausu é um filme tão estranho e original que, se existe alguma coisa vagamente parecida com ele, eu ainda não conheço. Mesmo assim – e o que é ainda mais estranho – tive uma forte sensação de profunda familiaridade com cada uma das cenas enquanto eu assistia a esse diamante bruto da imaginação. Trata-se de um daqueles raríssimos casos de filme que quase nos faz acreditar que não tenha precursores, que parece ter surgido de uma imaginação pura e espontânea, mas vibrante e já segura de si a ponto de não ter que se conter ou dar qualquer tipo de explicação para o espectador: é um filme que, como tudo o que há de mais maravilhoso na vida, simplesmente é, sem quês ou porquês. Hausu é um mergulho em cores, movimentos, sons e imagens sub-arquetípicas que nos permitem, ao menos por uma hora e meia, enxergar algo com o maravilhamento que só tínhamos quando éramos crianças e estávamos descobrindo o mundo pela primeira vez. Um delírio multicolorido sem igual, entrando para o grupo de filmes originalíssimos, inclassificáveis e provavelmente perfeitos que eu não conheço, em quantidade, mais do que uma mão cheia de exemplos – mas que, em qualidade, transbordam todas as mãos que os queiram segurar, desafiando quaisquer fronteiras, limites e barreiras.


07 – INVASÃO ZUMBI (Busanhaeng, 2016)

Eu não sou assim tão velho e já faz quase uma década que meu interesse por filmes de zumbis é praticamente nulo, de tão manjados, repetitivos, cansativos e bobos que eles se tornaram após terem sido explorados quase que à exaustão na cultura popular. Invasão Zumbi foi uma grata surpresa, tendo aparecido "do nada" em 2016 e se revelando um dos mais inventivos e talvez até o melhor filme de zumbis já feito. A qualidade desse longa-metragem é de deixar qualquer um de boca aberta.


08 – O PAGADOR DE PROMESSAS (Idem, 1962)

Provavelmente o melhor filme brasileiro de todos os tempos e um dos melhores filmes já feitos em qualquer país. O Pagador de Promessas é um drama comovente, divertido, dinâmico e inteligente que não deixa nada a dever aos melhores filmes europeus ou norte-americanos. Ótimas atuações, ótimas imagens, ótima história e ótimas aberturas para reflexões sobre a sociedade, seus valores e preconceitos: em suma, um ótimo filme.


09 – ONIBABA – A MULHER DEMÔNIO (Onibaba, 1964)

Filme incrível ambientado no Japão feudal do século XIV que mostra a história de uma mãe que, junto com sua nora, aguarda o regresso do filho que está lutando na guerra civil. Vivendo sozinhas em um vilarejo praticamente deserto, as mulheres são obrigadas a sobreviver preparando emboscadas e saqueando guerreiros desorientados. A profundidade e o realismo das personagens, a tensão sexual que permeia a história, o caráter inusitado da trama e os caminhos imprevisíveis que ela vai tomando, a sensação de mistério e perigo permanente que domina cada cena, a maestria demonstrada pela equipe na condução de todos os aspectos dramáticos da produção audiovisual (som, cenários, iluminação, ritmo, diálogos, reviravoltas no enredo, mise en scène, enfim, absolutamente tudo) e, principalmente, a ambientação a um só tempo ondulável e pesadelarmente opressiva num campo de bambuzais oscilando ao vento colocam Onibaba no rol das obras de arte mais interessantes que eu já vi.


10 – PI (π, 1998)

Um filme em preto e branco de alto contraste, com poucos tons de cinza, sobre as tramas de espionagem, as ameaças abstratas e os perigos psicológicos que surgem na solitária vida de um jovem matemático que pretende descobrir relações secretas no número pi e os mecanismos ocultos que regem a realidade. Apesar de lidar com temas potencialmente complexos como filosofia, numerologia, Cabala e determinismo-versus-caos, o ritmo desse filme sombrio é acelerado e seu foco principal está no frágil estado mental do protagonista, de modo que as múltiplas camadas de significado garantem diversão e incitamento intelectual para todos os espectadores, quaisquer que sejam seus ângulos de observação direcionados ao filme. A melhor forma de descrever Pi é como sendo um David Lynch depois de um curso de Teoria dos Números. Esse primeiro filme de Darren Aronofsky (criador de Réquiem para um Sonho, Cisne Negro e Mãe!) está para matemática, esoterismo e paranoia assim como Eraserhead está para paternidade, amadurecimento e medo. Pi é um excelente exemplo de como um filme de baixo orçamento pode se igualar ou até mesmo superar a qualidade de superproduções milionárias, desde que se embase em uma ideia realmente interessante e seja construído com paixão, criatividade e empenho.


11 – RIO PERDIDO (Lost River, 2015)

Escrito e dirigido pelo Ryan Gosling, esse filme mostra da melhor forma possível tudo o que o ator aprendeu ao trabalhar com seu amigo Nicholas Winding Refn no estupendo Drive, de 2011 (que também é um dos meus filmes favoritos e que inclusive foi mencionado na primeira lista de filmes que eu fiz aqui para o blog). Rio Perdido é, sem sombra de dúvida, um dos filmes mais originais (tanto em história quanto em atmosfera) dos últimos anos, contando com uma fantástica trilha sonora synthpop neo-retrô e deliciosas imagens noturnas de vapor sob neon, num clima que mistura fantasia, situações absurdas, personagens bizarros, mistério difuso e sofisticada beleza. Prefiro não falar mais nada só para permitir que o leitor se surpreenda e mergulhe sem informações prévias nesse filme peculiaríssimo.


12 – SOBRENATURAL (Insidious, 2011)

Nem tanto pelo filme em si (que é muito acima da média, não há como negar), mas sim pelo que ele representa, Sobrenatural não poderia ficar de fora deste blog: essa primeira aparição da franquia de sucesso da dupla James Wan e Leigh Whanell é o marco de origem na nova ascensão dos filmes populares de terror, abrindo passagem para pequenos clássicos contemporâneos que enchem de satisfação os fãs do gênero: Invocação do Mal, Uma Noite de Crime, O Espelho, A Entidade, entre outros. Longa vida à Blumhouse!


13 – SUSPIRIA (Idem, 1977)

A apoteose dos filmes de terror. Sem mais.
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E quanto a vocês? Quais são seus filmes favoritos? Registrem nos comentários suas listas!
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Clique aqui para ler a primeira parte da lista, aqui para a segunda parte e aqui para a terceira.

Bônus: os cinco filmes que mais me perturbaram!

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