quarta-feira, 31 de outubro de 2018

SONO DE UMA NOITE DE HALLOWEEN


"Hoje é Halloween... Melhor eu dormir ao contrário dessa vez, com as pernas viradas para a parede do lado da cabeceira, porque assim o monstro que vive debaixo da cama não vai conseguir puxar meus pés à noite com aquelas garras afiadas que ele tem" – foi o que pensou, antes de dormir, o menino que amanheceu no 1º de novembro com a cabeça estraçalhada por quatro cortes sangrentos nos quais já pousavam moscas do tamanho de moedas de um real.

terça-feira, 30 de outubro de 2018

O QUE HÁ DENTRO DA CAIXA?


Falar sobre opiniões, ideias, emoções e sentimentos é como falar sobre o conteúdo de uma caixa lacrada, sem frestas nem transparências. Por mais que sejamos eloquentes, nunca podemos ter certeza se o interlocutor está com boa-vontade ou pelo menos disposição suficiente para usar sua imaginação e inteligência para reconstruir mentalmente a imagem que lhe estamos sugerindo.

Dentro da caixa há diamantes ou percevejos?

sábado, 27 de outubro de 2018

CONTO: O SORVEDOURO DAS ALMAS PERDIDAS


O conto O Sorvedouro das Almas Perdidas foi originalmente publicado na antologia "Não Leia! – Contos de Terror", organizada pela Raquel Pagno e lançada pela Editora Fonzie em 2016. Com a recepção positiva do público, e em especial após os comentários extremamente elogiosos que o conto recebeu na resenha do Rubens Pereira, do canal Ler Vicia, e na da Bárbara, do canal Livros Ácidos, resolvi disponibilizá-lo na íntegra aqui para vocês. Trata-se de uma das minhas histórias mais peculiares, tanto na forma quanto no conteúdo, e uma das que mais me deixaram satisfeito (além de perturbado...).

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

PENSAMENTOS ESTRANHOS E IMPRODUTIVOS


Decidi abrir uma seção nova aqui no blog, uma seção destinada apenas aos leitores mais intensamente curiosos e realmente dispostos a abrir a mente e o espírito para novas experiências existenciais, com todas as delícias e maravilhas que isso pode significar, mas também com todos os custos exigidos e os perigos inerentes. A seção será chamada "pensamentos estranhos e improdutivos", em referência à música do David Lynch. A ideia dos textos dessa seção é registrar aqueles pensamentos instáveis e fugidios que, como ágeis peixes fosforescentes, percorrem o mar insondável e incomensurável da totalidade da nossa mente e cruzam correndo os canais obscuros dos nossos neurônios em raios luzidios que são como o ofuscante brilho de um facada a abrir fendas no espesso véu da poeira e da teia de aranha fossilizada das nossas convicções, dos nossos preconceitos, das nossas crenças, dos nossos pontos de vista e de todos os outros limitadores da Consciência e da Imaginação.

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

CONTO: A HISTÓRIA DE BYRON, A LÂMPADA, de Thomas Pynchon


Thomas Pynchon, o esteta da paranoia! Ah, mas que lunático! Se louco ou genial, nunca saberemos. Amado por uns, odiado por (muitos) outros e amado-e-odiado por tantos mais (categoria na qual eu me incluo), Pynchon é, para dizer o mínimo, incomum. Seu magnum opus, “O Arco-Íris da Gravidade” (Gravity’s Rainbow) é um calhamaço de mais de 700 páginas de ficção pós-moderna praticamente ilegível, com cerca de 400 personagens bizarras e mal-definidas vagueando em histórias absurdas que se interpenetram e se refratam, normalmente sem uma linha de continuidade discernível. Espere, em seus livros, personagens desaparecendo sem mais nem menos para nunca mais voltar, tramas surgindo do nada, histórias sem desfechos, pontas soltas, ausência completa das estruturas narrativas tradicionais e paranoia, muita paranoia.

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE O ÓCIO


Como tudo na vida, o ócio também pode ser benéfico ou maléfico para a nossa existência. A depender da predisposição a partir da qual lidamos com ele, o ócio pode ser um vício ou uma virtude (literalmente, oposição digna de gregos e troianos). Felizmente, no mundo contemporâneo, temos palavras distintas para cada espécie de ócio, e com base nos conceitos e interpretações dessas palavras podemos compreender nossos hábitos com maior clareza, sendo-nos possível realizar auto-avaliações mais sensatas e estruturar melhor nossas rotinas em busca de um equilíbrio ótimo entre produção eficiente e descanso revigorante.

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

CONTO: O VERÃO INTEIRO EM UM ÚNICO DIA, de Ray Bradbury

Ray Bradbury, autor dos clássicos Fahrenheit 451 e As Crônicas Marcianas, apesar de já ter sido classificado como o maior escritor de ficção científica do mundo, descrevia a si mesmo de uma forma bem mais simples: “sou um contador de histórias. Isso é tudo o que eu já tentei ser”. Ainda que suas narrativas normalmente tenham por cenário o espaço sideral e planetas distantes, seus personagens são essencialmente humanos, com emoções e sentimentos palpavelmente humanos. Por meio dessa conexão entre o imaginário e o real, a ficção de Ray Bradbury instiga o leitor a questionar para onde estamos nos dirigindo e a pensar sobre o que podemos aprender a respeito de nós mesmos. O conto abaixo, uma de suas melhores produções, é uma fábula atemporal de tocar o coração.