terça-feira, 15 de setembro de 2015

POEMA – Véu

VÉU

Em nefastos e decadentes cemitérios esquecidos,
Medonhos ataúdes e sepulcros se abrem;
Em meio a lamúrias e sussurros ensandecidos,
Espectros aflitos ricocheteiam, brigam, se batem e se rebatem.

Carnes pútridas e fedorentas aos solavancos se levantam:
O repelente festim de corvos e vermes perambulando.
Emanações pavorosas grassam, negrejam e flutuam,
Carregando o Terrível, o Odioso e o Horrível, que por pestilentos ares se vão disseminando.

Nesse maldito lugar ignoto, fétido como esgoto, vida a beleza servem apenas como adubos,
Onde o mal, sob o pavoroso luar sabático, revela segredos profanos na mais negra hora.
E as bruxas e os demônios, os vampiros e wendigos, wurdulaks, krampus, súcubos e íncubos,
Todos, no infinito cortejo sorumbático, evocando os espíritos arcanos dos tempos de outrora.

E longe do tropel cabalístico, esquecido em um canto e encharcado de sangue e pranto,
Entre um jazigo obscuro de criança e uma ossada velha que se deteriora,
Ignorado e isolado sob a sombra funesta da lodosa cruz da besta,
Um véu lutuoso cobre o triste rosto de uma pálida e gélida senhora.

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