segunda-feira, 31 de outubro de 2016

NÃO LEIA A CAIXA DE NATASHA DURANTE A NOITE – O relato de uma leitora

Quando abri meu facebook no dia 04 de outubro de 2016, fui recebido com o impacto carinhoso de um texto da leitora Marielle Polli a respeito do meu livro A Caixa de Natasha e outras histórias de horror. O texto me deixou tão emocionado que tive de pedir permissão à Marielle para transcrevê-lo aqui no blog.

Como ela permitiu e ficou cheia de entusiasmo, eis aqui o texto:

MANIFESTAÇÕES ADVINDAS DE NATASHA

Não leia esse livro depois da meia-noite ou quando você está de viagem em uma cidade sombria com forte incidência de neblinas e "mau tempo". Eis aqui o que ocorreu com essa voraz leitora que vos fala: em mais uma das minhas viagens, escolhi "A Caixa de Natasha e outras histórias de horror", do Melvin Menoviks, para me acompanhar na minha estadia em Gramado, seguindo a indicação de um amigo que, em uma noite qualquer, encontrei pelos corredores da UEL e que segurava em seus braços o tal livro, cujo autor surpreendentemente eu também conhecia, por também ser aluno do Direito. Pois bem. Como toda pessoa apaixonada por livros, e por fazer questão de prestigiar o colega de curso por publicar algo que não fosse da área do Direito, de imediato quis adquirir meu exemplar (que veio com uma dedicatória repleta de sinistros abraços), mas só comecei a leitura propriamente dita após finalizar o volume I da Torre Negra do nosso "Stephen Rei". Já inspirada nesse clima "horrorshow" proporcionado por minha leitura prévia, iniciei minha leitura de "A Caixa de Natasha e outras histórias de horror" em uma tarde com lindos raios de sol, a qual misteriosamente se transformou em uma tarde de um "puta" vendaval (com o perdão da palavra) enquanto eu lia o primeiro conto, "O Retrato tétrico", e que resultou na queda de alguns quadros pendurados na minha casa justo no momento em que eu acabava de finalizar a primeira leitura. Foi nesse momento que eu soube que esse livro iria me proporcionar situações bizarras e uma leitura no mínimo interessante.
Assim, resolvi continuar a leitura que já havia começado durante minha trajetória a Gramado (...), conseguindo ler apenas até o conto “Malpurga” no avião, sem ter sofrido medo algum até então. Entretanto, como sempre, o medo te surpreende nas horas em que você menos espera, e foi retornando a pé juntamente com minha irmã, após a meia-noite, em uma cidade nefasta com uma neblina aterrorizadora (literalmente eu não se conseguia ver um palmo à frente) que os nomes até então conhecidos começaram a ribombar na minha mente. E lá me gritava "Malpurga"; eu visualizava Wesley (ou seria Jonathan?) na escuridão. Passei três dia apreensiva nos momentos de retorno à minha hospedagem, pois em Gramado não há movimento algum nas ruas após a meia-noite e a porcentagem de incidência criminal é quase zero (...), mas, pela localização da minha hospedagem ser a duas quadras do cemitério (um cemitério cheio de mausoléus e de uma decoração extremamente gótica e aterrorizante, por sinal), o meu psicológico insistiu em me pregar peças e a ficar em "sinal de alerta". Bom, no retorno para casa, não me desgrudei do livro, continuei a ler páginas e páginas, e enquanto lia imaginava sangue escorrendo de dentro dele. Sim, muito sangue. Para os leitores com a imaginação mais ampla, como eu, é possível até sentir o cheiro do sangue no conto "O Garoto que pingava sangue". O mais engraçado foi que, durante minha leitura, fui me identificando com alguns personagens, com algumas histórias, pois não se trata aqui somente de um "livro de terror", mas de uma obra que explora as partes mais complexas do psicológico humano de maneira sutil, em uma leitura extremamente surpreendente, apreensiva, proporcionada por um autor que ainda encontra-se no ápice de sua juventude.

Bom, após tantos caracteres e impressões que pude experimentar, parafraseando a pessoa que por acaso me deu a oportunidade de ciência dessa obra (André Alves), "primeiramente gostaria de agradecer ao universo por essa oportunidade" ao esbarrar com alguém que segurava esse livro em mãos; agradecer mais uma vez ao mesmo elemento místico chamado universo por mais uma vez sincronizar minhas experiências físicas e mentais, fazendo chover, "neblinar", e criando tempestades justamente enquanto eu lia um livro de terror, e, por fim, recomendar essa horripilante leitura, que apesar do aviso de não dever ser feita no horário em que os monstros saem debaixo da cama, a torna muito mais interessante a partir do momento que você quebra essas regras (especialmente em um dia chuvoso). Entretanto, por favor, tomem cuidado para não se perder pelos corredores de suas casas à noite e acabarem caindo em algum capítulo da Caixa de Natasha.

Clique aqui para ler a publicação original no facebook.

2 comentários:

  1. Parabéns Gustavo! Como eu sempre digo, o seu opúsculo é uma obra prima da literatura nacional. A sua obra além de bem escrita, é perturbadoramente pavorosa. Abração!

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  2. Fico lisonjeado com suas palavras, Luciano! Sua presença neste blog é estimulante! Abração!

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