Meu cérebro e meus sentidos só funcionam corretamente na escuridão.
Não consigo pensar direito quando não estou na solidão.
A vida só tem sentido quando divago sozinho em minha pequena e obscura alcova;
Não sendo assim, encontrarei paz novamente apenas na imobilidade perpétua da cova.
Sou um ser notívago por excelência e natureza,
E em nenhum outro horário, que não o das trevas, enxergo verdadeira beleza.
Nas madrugadas sombrias, sonho de olhos abertos com morcegos e assombrosas colinas;
De dia, para afastar o luminoso inimigo, tranco as portas e fecho seguramente as escuras cortinas.
As luzes atrapalham minha mente;
O sol me desconcerta.
Tenho ataques nervosos quando a aurora surge de repente,
Enerva-me o crepúsculo que não se impõe na hora certa.
Detesto o brilho da tarde;
Irrita-me o sol do meio-dia.
Nesses momentos odiosos, meu cérebro queima e arde.
E, não fosse a certeza da noite vindoura, em completo desespero minha mente cairia.
Apavoro-me alucinantemente com a claridade que vem do leste.
Existo somente para os mistérios entre o pôr e o nascer do maldito astro celeste.
Sou avesso ao que é claro e mundano; amigo das soturnas coisas ignotas.
E, quando caminho, vagueio apenas pelas escarpas mais tenebrosas e remotas.
Sou Nosferatu, Drácula, Mefistófeles: Filho das Trevas.
Mas meu verdadeiro nome permanece para sempre desconhecido.
Durmo de dia, ignorando o repulsivo brilho verdejante das relvas.
Acordo postumamente para a lua; para as sombras, completamente renascido.
Imagem do filme Nosferatu – O Vampiro da Noite (Nosferatu: Phantom der Nacht, 1979). |
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