quinta-feira, 4 de junho de 2015

Sugestão de filme e mini-resenha – UMA NOITE DE CRIME (The Purge, 2013)

Grande parte das pessoas não se importa com críticas longas e detalhadas sobre filmes. Muita gente, menos viciada em cinema do que eu, quer apenas uma sugestão de um bom filme para relaxar à noite após um longo dia de trabalho, para se divertir com os amigos em um feriado qualquer ou para passar o tempo com a namorada num dia de chuva. De fato, resenhas profundas podem ser extremamente interessantes, mas, em muitos casos, não passam de verborragias inúteis de críticos que gostam de discutir à toa (ao que acabam se esquecendo de que o verdadeiro objetivo de um filme é proporcionar prazer ao espectador). Eu, pessoalmente, não nego que também gosto de discutir pelo simples prazer da discussão, e acho que de um bom diálogo e de uma boa análise sempre é possível extrair resultados positivos (uma cena criativa que passara despercebida, uma característica do filme que não fora notada, um ângulo de câmera que deixara de ser apreciado, uma expressão de um ator, um som, uma luz, etc., etc., etc.). Ainda assim, há momentos em que só queremos uma sugestão de filme para nos divertir.

Pensando nisso – e prevendo que, assim que voltarem minhas aulas na faculdade, não conseguirei fazer resenhas longas com uma frequência satisfatória – tive a ideia de escrever resenhas curtas e diretas, com cerca de três parágrafos cada uma, para sugerir bons filmes para o público em geral. Não serão críticas sobre clássicos, filmes obscuros ou antiguidades apreciadas apenas pelos cinéfilos, mas sobre filmes novos, de boa qualidade, aos quais todo mundo gosta de assistir. As análises mais longas e pormenorizadas eu reservarei para filmes especiais, em ocasiões específicas, e as identificarei no topo do texto.

Assim sendo, vamos ao filme!


A sinopse: Na América, em um futuro próximo, o governo sancionou um período anual de 12 horas, permitindo qualquer atividade criminal, incluindo assassinato. Nessa noite dominada pela violência e por uma epidemia de crime, uma família é testada para ver até onde irá para se proteger quando o cruel mundo exterior entrar em sua casa.

Dos produtores de Sobrenatural (Insidious, 2010) e A Entidade (Sinister, 2012), surge essa criativa história cheia de tensões, reviravoltas e críticas sociais. Com pouco menos de uma hora e meia de duração, Uma Noite de Crime consegue ser um dos melhores e mais competentes thrillers dos últimos anos, sabendo apresentar suspense e cenas claustrofóbicas na medida certa, sem apelações. Apesar de ter algumas cenas bem angustiantes, trata-se de um filme que dá para você assistir com sua namorada medrosa sem que ela tenha chiliques e feche os olhos o tempo todo, mas também é um filme que vai prender sua atenção do começo ao fim.

O mal bate à porta da casa de uma família que acreditava estar em segurança durante as 12 horas em que todos os crimes são permitidos.

Pessoas mais acostumadas com filmes tensos e chocantes – como o violentíssimo exploitation francês Alta Tensão (Haute Tension, 2003) – poderão ficar com a sensação de que Uma Noite de Crime não explorou todo o medo e angústia que a premissa do roteiro oferecia, mas dá para perceber que a intenção do filme não era mesmo ser tão extremo como o longa francês mencionado, mas ser simplesmente um bom filme acessível a todos os públicos que queiram um pouco de suspense de qualidade. E, para ser sincero, acredito que eles acertaram em cheio nisso, fugindo de exageros para apresentar uma história bastante original e que levanta questões interessantes.

 
Uma Noite de Crime tem excelentes momentos de tensão.

Em conjunto com o suspense muito bem trabalhado, que, por si só, já compensa a uma hora e meia do filme, Uma Noite de Crime se vale da ficção de um futuro próximo e de uma bizarra lei imaginária para criar situações verossímeis que funcionam como metáforas críticas para a sociedade atual e para nossa própria posição nela. À semelhança do que ocorre em Laranja Mecânica (A Clockwork Orange, 1971), em Corrida da Morte – Ano 2000 (Death Race 2000, 1975) e, mais recentemente, em Divergente (Divergent, 2014), características absurdas de um futuro hipotético servem como alegorias para trazer à tona problemas da sociedade atual e da própria natureza humana que, de outra forma, talvez passassem despercebidos. Mas, para quem não quiser se aprofundar nessas questões propostas pela trama, ainda assim o filme é uma boa experiência de suspense, com poucos clichês e muita diversão.

E você, se pudesse cometer qualquer crime sem sofrer as consequências, qual escolheria?

Ficha técnica: 2013 / EUA / Cor / 85 min / Direção: James DeMonaco / Roteiro: James DeMonaco / Elenco: Ethan Hawke, Lena Headey, Max Burkholder, Adelaide Kane, Edwin Hodge, Rhys Wakefield

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