Grande parte das pessoas não se
importa com críticas longas e detalhadas sobre filmes. Muita gente, menos
viciada em cinema do que eu, quer apenas uma sugestão de um bom filme para relaxar
à noite após um longo dia de trabalho, para se divertir com os amigos em um
feriado qualquer ou para passar o tempo com a namorada num dia de chuva. De
fato, resenhas profundas podem ser extremamente interessantes, mas, em muitos
casos, não passam de verborragias inúteis de críticos que gostam de discutir
à toa (ao que acabam se esquecendo de que o verdadeiro
objetivo de um filme é proporcionar prazer ao espectador). Eu, pessoalmente, não
nego que também gosto de discutir pelo simples prazer da discussão, e acho que de um bom diálogo e
de uma boa análise sempre é possível extrair resultados positivos (uma cena criativa que
passara despercebida, uma característica do filme que não fora notada, um
ângulo de câmera que deixara de ser apreciado, uma expressão de um ator, um
som, uma luz, etc., etc., etc.). Ainda assim, há momentos em que só queremos uma
sugestão de filme para nos divertir.
Pensando nisso – e prevendo que, assim que voltarem minhas aulas na faculdade, não conseguirei fazer resenhas longas com uma frequência satisfatória – tive a ideia de escrever resenhas curtas e diretas, com cerca de três parágrafos cada uma, para sugerir bons filmes para o público em geral. Não serão críticas sobre clássicos, filmes obscuros ou antiguidades apreciadas apenas pelos cinéfilos, mas sobre filmes novos, de boa qualidade, aos quais todo mundo gosta de assistir. As análises mais longas e pormenorizadas eu reservarei para filmes especiais, em ocasiões específicas, e as identificarei no topo do texto.
Assim sendo, vamos ao filme!
A sinopse: Na América, em um
futuro próximo, o governo sancionou um período anual de 12 horas, permitindo
qualquer atividade criminal, incluindo assassinato. Nessa noite dominada pela
violência e por uma epidemia de crime, uma família é testada para ver até onde
irá para se proteger quando o cruel mundo exterior entrar em sua casa.
Dos produtores de Sobrenatural (Insidious, 2010) e A Entidade
(Sinister, 2012), surge essa criativa
história cheia de tensões, reviravoltas e críticas sociais. Com pouco menos de
uma hora e meia de duração, Uma Noite de
Crime consegue ser um dos melhores e mais competentes thrillers dos últimos
anos, sabendo apresentar suspense e cenas claustrofóbicas na medida certa, sem
apelações. Apesar de ter algumas cenas bem angustiantes, trata-se de um filme
que dá para você assistir com sua namorada medrosa sem que ela tenha chiliques
e feche os olhos o tempo todo, mas também é um filme que vai prender sua atenção do começo
ao fim.
O mal bate à porta da casa de uma família que acreditava estar em segurança durante as 12 horas em que todos os crimes são permitidos. |
Pessoas mais acostumadas com
filmes tensos e chocantes – como o violentíssimo exploitation francês Alta
Tensão (Haute Tension, 2003) –
poderão ficar com a sensação de que Uma Noite
de Crime não explorou todo o medo e angústia que a premissa do roteiro oferecia, mas
dá para perceber que a intenção do filme não era mesmo ser tão extremo como o
longa francês mencionado, mas ser simplesmente um bom filme acessível a todos
os públicos que queiram um pouco de suspense de qualidade. E, para ser sincero,
acredito que eles acertaram em cheio nisso, fugindo de exageros para apresentar
uma história bastante original e que levanta questões interessantes.
Uma Noite de Crime tem excelentes momentos de tensão. |
Em conjunto com o suspense muito
bem trabalhado, que, por si só, já compensa a uma hora e meia do filme, Uma Noite de Crime se vale da ficção de um futuro próximo e de uma
bizarra lei imaginária para criar situações verossímeis que funcionam como
metáforas críticas para a sociedade atual e para nossa própria posição nela. À
semelhança do que ocorre em Laranja
Mecânica (A Clockwork Orange,
1971), em Corrida da Morte – Ano 2000
(Death Race 2000, 1975) e, mais
recentemente, em Divergente (Divergent, 2014), características
absurdas de um futuro hipotético servem como alegorias para trazer à tona problemas
da sociedade atual e da própria natureza humana que, de outra forma, talvez passassem
despercebidos. Mas, para quem não quiser se aprofundar nessas questões
propostas pela trama, ainda assim o filme é uma boa experiência de suspense,
com poucos clichês e muita diversão.
Ficha técnica: 2013 / EUA / Cor / 85 min / Direção: James DeMonaco / Roteiro: James DeMonaco / Elenco: Ethan Hawke, Lena Headey, Max Burkholder, Adelaide Kane, Edwin Hodge, Rhys Wakefield
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